quarta-feira, 26 de maio de 2004

Diários do cinema engajado

O problema de discutir Che Guevara é que um lado discute uma pessoa,
outro lado discute um ícone religioso/ideológico. O Walter me
lembra uns caras da PUC que andam de Audi com adesivo do Che Guevara e vão
planejar a revolução num Iate em Angra, aonde tratam mal os próprios
empregados. O mais curioso é que a chance de um playboy ser fã
do Che é muito maior do que de um pobretão qualquer. De fato,
comunismo e coisas do gênero nunca foram populares, é coisa de
uma minoria elitizada que afirma que fala em nome do povo.


E quem vai ver o filme do Walter? Uns artistas em Cannes, uns intelectuais
e alunos devidamente doutrinados no Brasil. É a mesma coisa com o Sebastião
Salgado, que fica rico explorando a miséria. Uma espécie de J.R.
Duran da pobreza. Já o humilde, o pobre e o operário não
tem nem grana nem saco para comprar livros de um ou ver filmes de outro. Mas
financiam tudo com juros que pagam nos bancos, ou com os preços inflacionados
pelos impostos de combustíveis que financiam o cinema nacional. Não
sei se é o caso desse filme especificamente, mas quando se fala de "Cultura"
no Brasil em geral é rico produzindo produtos para consumo de outros
ricos com dinheiro público, ou seja, dos pobres. Chamam isso de "democracia",
e quem critica isso é obviamente um agente da CIA.


sexta-feira, 14 de maio de 2004

E se fossem brasileiros

Um dos argumentos mais bestamente repetidos é "Ah, e se fosse um
correspondente brasileiro nos EUA falando mal do Bush?". Bom, para começo
de conversa, o Brasil deve agir em respeito à própria constituição,
e não à constituição dos EUA, a menos que os defensores
do presidente estejam sugerindo que rasguemos a constituição brasileira
para adotar a carta magna americana. Se essa é déia tão
ruim é caso para discutir-se em outro momento, portanto podemos nos concentrar
nos argumentos em questão.


Correspondentes brasileiros e do mundo todo falam diariamente mal do Bush,
falam até coisas piores, e nunca foram expulsos. Concordar ou discordar
das críticas é subjetivo e imaterial quanto à expulsão
de jornalistas. Do mesmo modo, um americano ficar ofendido com uma matéria
do Estado de São Paulo nunca poderia justificar a expulsão de
um jornalista brasileiro. Todo o argumento de "reciprocidade" vai
contra a medida do Lula. Isso ocorre por causa do respeito à liberdade
de imprensa. Qualquer humorista americano como o David Letterman faz piadas
contra o Bush (ou qualquer presidente), incluindo insinuações
mais graves do que as que foram feitas contra no New York Times, e não
acontece nada.


Devemos lembrar que é Liberdade de imprensa respeitar o direito de outro
publicar algo com o que você não concorde. Estamos muito mal acostumados
pela mídia nacional. Fora do Brasil nem todo jornalista tem a obrigação
de adular o presidente e seu partido.


Ainda que, por absurdo, um jornalista brasileiro fosse expulso dos EUA, seria
errado aplicar a mesma regra. Ora, uma atitude errada, real ou fictícia, de
governo estrangeiro não pode virar justificativa para rasgar a Constituição.
Imagine se a moda pega e o governo resolve adotar essa atitude em relação a
Cuba? Achar-se-iam no direito prender os críticos, fechar os partidos de oposição,
suspender as eleições, e coisas do gênero.


Vamos deixar a xenofobia paranóica de lado, e parar de tentar ver conspiração
da CIA em tudo. Nada mais ignorante e irracional do que difamar os críticos
da medida inconstitucional, como o Miguel Reale Júnior, como se estivessem
do lado do "inimigo". Eles defendem a nossa Constituição,
que é mais do que o governo federal tem feito.

quarta-feira, 5 de maio de 2004

KOTOR Reloaded

Muito bem, que tal dar uma olhada nesse preview do Knights
of the Old Republic II: Sith Lords
na Gamespot.
O primeiro jogo foi um título fantástico, que combinou uma interessante
história com ótimo gameplay, música e visual excelentes.
A engine RPG de primeira é complexa e acessível. O jogo agradou
tanto os fãs de Star Wars quanto os que curtem jogos bons em geral.
A continuação também parece ser bem interessante, e liderá
novamente com o conflito entre os Sith e os Jedi. Os criadores falaram pouco
da história, mas o jogador será um novo personagem que usará
o Ebon Hawk e liderará uma seleção de personagens novos
e conhecidos.

sábado, 1 de maio de 2004

Para ser verdadeiramente "contra tudo o que está aí",

Com diligente aplanamento, pode ser definido que conservadores desejam preservar
certos aspectos do status quo, enquanto liberais querem alterá-lo.
Os defensores das liberdades individuais, dentre as quais inclui-se a liberdade
econômica, bem como das limitações ao poder do Estado, são
tradicionalmente conhecidos como conservadores nos EUA e liberais na Europa.
Já os defensores de que o Estado deve regular toda a sociedade, o mercado,
a atividade econômica e a renda são conhecidos como Liberais nos
EUA e Socialistas na Europa. Claro que essa é uma definição
simplista, e existem diversos grupos que escapam a essas definições.
O próprio Hayek desgostava delas todas, considerando-as por demais genéricas
e pouco ilustrativas.


Entretanto, vamos analisar a atual situação dos EUA. Pelo lado
econômico, encontramos altas taxas tributárias, interferência
reguladora do Estado na economia, enormes gastos sociais com welfare,
protecionismo. Culturalmente, existem numerosos lobbies, sindicatos e
ONGs abundantemente fortes e atuantes, oposição consistente contra
globalização e liberdade econômica, esmagador domínio
de ideologias socialistas e anti-capitalistas nas universidades, e forte presença
dos mesmos idéias nos meios de comunicação em massa. O
fato é que o establishment cultural americano atualmente é
esquerda, e o verdadeiro anti-establishment é de direita. Trocando
em miúdo, ser conservador é ser de esquerda.


E o fato disso ocorrer nos EUA só mostra a que nível o domínio
cultural de esquerda chegou no mundo. Claro que é uma versão diluída
do que ocorre no Brasil, onde existe um quase pensamento único nas esferas
políticas, midiáticas e acadêmicas, comportando tão
somente debates entre as próprias nuances de esquerda para ver quem é
mais socialista.


Para ser verdadeiramente "contra tudo o que está aí",
você tem que ser liberal. Porque tudo que está ai é a esquerda,
queira ou não. A derrota total do marxismo econômico apenas deu
força ao marxismo cultural, que, livre da vergonha da derrota do socialismo
real, pode sobreviver livremente em idéias superficialmente bonitas e
retórica vazia. Com uma embalagem atraente, até lixo vende. Os
mestres da propaganda não são os capitalistas, mas os socialistas,
que sabem muito bem que o segredo para a hegemonia está na manipulação
das massas e não na verdade das idéias.


O que se verifica é que não basta estar certo, tem que parecer
estar certo. No universo cultural, os livros são vendidos pela capa,
e a aceitação depende dos aspectos superficiais. Para vender uma
idéia qualquer, verdadeira ou falsa, é necessário revesti-la
com uma aparência de idéia verdadeira.