sexta-feira, 18 de junho de 2004

Blog Celebrity Profile II


Miss Veen




















































Classe: Wunderqueen
Arma
preferida:
Mood
swings
Orientação
Ideológica
Libertarianismo
temperado com Olavo de Carvalho
Ponto
fraco:
Gatos
Arque-Inimigos: Tradutores
analfabetos

Paspalhos que comentam blogs
Imune
à:

Ataques
enfurecidos

Politicamente Corretos


Detesta:

Marxistas
chatinhos

Republicanos que compram a action figure da Ann Coulter


Gosta: "Literatura.
Filosofia. Tradução. Mr. De Polli. Otto. Lolô. Gatão.
Nina. Não nessa ordem, não todos os dias, porque cansa e
eu fico facilmente entediada. nada que algum dos itens acima não
resolva, acompanhado de vinho."
Cultura: "Eu
não vi o tal Cidade de Deus. Deve ser esquecível e o típico
filme pra classe média sentir-se redimida (através de um
mea culpa básico) do "mal" que causa à sociedade
por ter mais dinheiro que os favelados não-traficantes, no melhor
estilo Sebastião Salgado."
Modernidade: "Volto
a tocar neste assunto tão mulherzinha [moço de camisa azul
da platéia reprime um bocejo] mas que, alas, julgo interessante
(o blog é meu, vão pastar em outras campos), porque acredito
que muitos homens, os quais se dizem tradicionalistas e detestam mulheres
que falam grosso ou não depilam as pernas [bocejo quase audível
do rapaz com excesso de gel no cabelo e camiseta-de-michê], são,
na verdade, tradicionalistas apenas da boca para fora. São ratinhos
acuados quando o assunto é fidelidade conjugal, são uns
covardes quando preferem se apegar somente às idéias tradicionais
sem jamais terem andado pelo caminho dos próprios Homens Honestos
Tradicionais Que Veneram Mulheres por Compreendê-las ou Perceber
o Encanto do Mundo Feminino sem Serem Gays ou Wimpy Feminists (aliás,
minha teoria é de que os gays não entendem mulheres, ao
contrário do que se imagina; se entendessem, jamais prefeririam
fotos do River Phoenix em roupas de couro a ver Rita Hayworth tirando
as luvas). "
Feminismo: "Não
gosto das típicas feministas lésbicas de seios caídos,
as quais acham que toda relação sexual entre um homem e
uma mulher é um estupro"
Beleza: "E,
sim, eu sou gatinha - nem te conto como fico de espartilho e cat-o'-nine-tails
na mão, é de fazer a Betty Page ficar com inveja."


Foto Comprometedora:





Miss Veen na night, embrigada pelo

belo excesso de bebida e livros de David Foster Wallace

Blog Celebrity Profile I


Alexandre Soares Silva




















































Classe: Cavaleiro
e Aristocrata
Arma
preferida:
Bengala
Posição
Política:
Neocon
Maluco
Pontos
fracos:
Sangra
pelos ouvidos ao ouvir diálogos das novelas das 8

Desmaia ao ouvir o mantra místico "Araguaia"
Arque-Inimigos: Chatos
em festas

Estudantes de filosofia
Imune
à:
Comentários
sarcásticos

Semiótica
Detesta: Vulgaridade

Ateus
Passatempo: Humilhar
e oprimir o povo brasileiro

Ofender os politicamente corretos
Autodefinição: "Sou
o Verdadeiro Porfírio Rubirosa do Sono"
Modernidade: "Good
Heavens! Agora até bater nos criados é gay!..."
Arrogância: "Mas
eu sou tremendamente humilde. É até bonito de ver. Não
entendo."
Intelectual: "Continuo
dizendo que não sou, mas se eles estão tão empenhados
em dizer que eu sou, e em duvidar da minha palavra a respeito, ok, então
eu sou um intelectual (se bem que me parece estranho que eles achem que
alguém é intelectual só porque ouve Schubert.)"


 


Foto Comprometedora:



Mesmo em sua juventude entregue à libertinagem hippie,

Alexandre não dispensava o uso de uma cartola

quinta-feira, 17 de junho de 2004

Libertarian Ethics

Defendi razoavelmente posições libertárias, que não
são obviamente imunes à crítica.


Um dos mais conhecidos representantes do movimento libertário nos EUA,
Lew Rockwell, recentemente
elogiou
e recomendou o último filme do Micheal Moore. Rothbard,
outro ícone, elogiou Che Guevara. E, por fim, Mises,
um dos principais teóricos da Escola Austríaca de Economia, fazia
uso de um discurso que se aproxima do relativismo moral.


Recentemente, participei de uma discussão com alguns estudiosos sobre
o tema. Internet realmente é um recurso e tanto. Um libertário
elaborou uma ótima série de comentários quanto ao tema
discutido no livro "Human Action", os quais transcrevo a seguir:


"So, without any further ado: references to Human Action that evince
Mises's ethical subjectivism (or "relativism" or "nihilism",
depending on what vocabulary you want to use; I prefer "subjectivism"
because Mises believes that all values are relative to the constitution of a
valuing subject in its given context or circumstances).


These are from the Scholar's Edition (Auburn, AL: Ludwig von Mises Institute,
1998).


pp. 1-3: Mises contrasts the moral way of considering problems of peace
and prosperity, with the economic way. Note that he considers the "moral
way" in two paragraphs (the second and third paragraphs of the introduction).
The first paragraph encompasses not only the natural law conception, but also
special revelation and dialecticalism. Note also that the "economic way"
that he gives on p. 2 is most definitely not a statement of the principles of
English moral utilitarianism.


pp. 94-96, p. 104: Ultimate ends cannot be compared. Although Mises ostensibly
restricts the scope of his remarks to economic theory rather than philosophy
generally, I believe the tone and thrust of this passage is clear.


pp. 145-153: This passage is Mises's outline of a general idea he also developed
in Liberalism, viz. that a classical liberal democracy is useful to anyone who
has desires that depend on material prosperity and peace. I think it's this
way of considering social institutions in terms of their usefulness (utility)
that motivated Mises to call himself a "utilitarian". Note that English
moral utilitarianism would still suffer the same criticism as natural law: By
what mark do we recognize "the greatest happiness for the greatest number"
as a moral standard? (pp. 153-155 is also interesting in this connection.)



pp. 164-165: Another statement of Mises's "utilitarianism" -- the
classical liberal democracy satisfies the widest, most polyvalent coincidence
of wants ever to arise. It is "the great means for the attainment of all
(man's) ends." Later, on pp. 179-180, Mises suggests that, for the above
reason, liberalism could come to be the great point of minimal agreement for
any number of moral perspectives.


pp. 279-280: Even freedom is a means, not an end, for Mises.


pp. 285-286: Mises describes inequality of wealth, not as something that
anyone is entitled to by virtue of any rights that society presuppose (as Rothbard
was more inclined to justify it), but rather as the most efficient device of
social incentive and responsibility that can be implemented.


pp. 715-719: In this passage, Mises decries the method of trying to find
the "legitimate" scope of government with reference to "natural
laws". This is the only passage in Human Action where he focuses specifically
on the natural law method, rather than speaking about moral discourse in general.


pp. 719-725: This passage is one of the more interesting and philosophically
challenging of the whole book. Here, Mises suggests that even freely-given charity
may cause the same kinds of harm as state intervention. A free action is not
necessarily good just because it's free; Mises's "utilitarian" praxeological
perspective allows an assessment of any institution aiming at social justice.
In this passage, I think it becomes clearer that Mises's criticisms of conventional
moral modes of discourse are not based solely on their role in economic theory
or even in political philosophy, but that they operate at the very level of
individual reciprocity.



Hope all of this is interesting and illuminating.
" (Jeremy Same,
discussão na comunidade "Austrian Economics")


quarta-feira, 16 de junho de 2004

Libertarian Comics




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quarta-feira, 26 de maio de 2004

Diários do cinema engajado

O problema de discutir Che Guevara é que um lado discute uma pessoa,
outro lado discute um ícone religioso/ideológico. O Walter me
lembra uns caras da PUC que andam de Audi com adesivo do Che Guevara e vão
planejar a revolução num Iate em Angra, aonde tratam mal os próprios
empregados. O mais curioso é que a chance de um playboy ser fã
do Che é muito maior do que de um pobretão qualquer. De fato,
comunismo e coisas do gênero nunca foram populares, é coisa de
uma minoria elitizada que afirma que fala em nome do povo.


E quem vai ver o filme do Walter? Uns artistas em Cannes, uns intelectuais
e alunos devidamente doutrinados no Brasil. É a mesma coisa com o Sebastião
Salgado, que fica rico explorando a miséria. Uma espécie de J.R.
Duran da pobreza. Já o humilde, o pobre e o operário não
tem nem grana nem saco para comprar livros de um ou ver filmes de outro. Mas
financiam tudo com juros que pagam nos bancos, ou com os preços inflacionados
pelos impostos de combustíveis que financiam o cinema nacional. Não
sei se é o caso desse filme especificamente, mas quando se fala de "Cultura"
no Brasil em geral é rico produzindo produtos para consumo de outros
ricos com dinheiro público, ou seja, dos pobres. Chamam isso de "democracia",
e quem critica isso é obviamente um agente da CIA.


sexta-feira, 14 de maio de 2004

E se fossem brasileiros

Um dos argumentos mais bestamente repetidos é "Ah, e se fosse um
correspondente brasileiro nos EUA falando mal do Bush?". Bom, para começo
de conversa, o Brasil deve agir em respeito à própria constituição,
e não à constituição dos EUA, a menos que os defensores
do presidente estejam sugerindo que rasguemos a constituição brasileira
para adotar a carta magna americana. Se essa é déia tão
ruim é caso para discutir-se em outro momento, portanto podemos nos concentrar
nos argumentos em questão.


Correspondentes brasileiros e do mundo todo falam diariamente mal do Bush,
falam até coisas piores, e nunca foram expulsos. Concordar ou discordar
das críticas é subjetivo e imaterial quanto à expulsão
de jornalistas. Do mesmo modo, um americano ficar ofendido com uma matéria
do Estado de São Paulo nunca poderia justificar a expulsão de
um jornalista brasileiro. Todo o argumento de "reciprocidade" vai
contra a medida do Lula. Isso ocorre por causa do respeito à liberdade
de imprensa. Qualquer humorista americano como o David Letterman faz piadas
contra o Bush (ou qualquer presidente), incluindo insinuações
mais graves do que as que foram feitas contra no New York Times, e não
acontece nada.


Devemos lembrar que é Liberdade de imprensa respeitar o direito de outro
publicar algo com o que você não concorde. Estamos muito mal acostumados
pela mídia nacional. Fora do Brasil nem todo jornalista tem a obrigação
de adular o presidente e seu partido.


Ainda que, por absurdo, um jornalista brasileiro fosse expulso dos EUA, seria
errado aplicar a mesma regra. Ora, uma atitude errada, real ou fictícia, de
governo estrangeiro não pode virar justificativa para rasgar a Constituição.
Imagine se a moda pega e o governo resolve adotar essa atitude em relação a
Cuba? Achar-se-iam no direito prender os críticos, fechar os partidos de oposição,
suspender as eleições, e coisas do gênero.


Vamos deixar a xenofobia paranóica de lado, e parar de tentar ver conspiração
da CIA em tudo. Nada mais ignorante e irracional do que difamar os críticos
da medida inconstitucional, como o Miguel Reale Júnior, como se estivessem
do lado do "inimigo". Eles defendem a nossa Constituição,
que é mais do que o governo federal tem feito.

quarta-feira, 5 de maio de 2004

KOTOR Reloaded

Muito bem, que tal dar uma olhada nesse preview do Knights
of the Old Republic II: Sith Lords
na Gamespot.
O primeiro jogo foi um título fantástico, que combinou uma interessante
história com ótimo gameplay, música e visual excelentes.
A engine RPG de primeira é complexa e acessível. O jogo agradou
tanto os fãs de Star Wars quanto os que curtem jogos bons em geral.
A continuação também parece ser bem interessante, e liderá
novamente com o conflito entre os Sith e os Jedi. Os criadores falaram pouco
da história, mas o jogador será um novo personagem que usará
o Ebon Hawk e liderará uma seleção de personagens novos
e conhecidos.

sábado, 1 de maio de 2004

Para ser verdadeiramente "contra tudo o que está aí",

Com diligente aplanamento, pode ser definido que conservadores desejam preservar
certos aspectos do status quo, enquanto liberais querem alterá-lo.
Os defensores das liberdades individuais, dentre as quais inclui-se a liberdade
econômica, bem como das limitações ao poder do Estado, são
tradicionalmente conhecidos como conservadores nos EUA e liberais na Europa.
Já os defensores de que o Estado deve regular toda a sociedade, o mercado,
a atividade econômica e a renda são conhecidos como Liberais nos
EUA e Socialistas na Europa. Claro que essa é uma definição
simplista, e existem diversos grupos que escapam a essas definições.
O próprio Hayek desgostava delas todas, considerando-as por demais genéricas
e pouco ilustrativas.


Entretanto, vamos analisar a atual situação dos EUA. Pelo lado
econômico, encontramos altas taxas tributárias, interferência
reguladora do Estado na economia, enormes gastos sociais com welfare,
protecionismo. Culturalmente, existem numerosos lobbies, sindicatos e
ONGs abundantemente fortes e atuantes, oposição consistente contra
globalização e liberdade econômica, esmagador domínio
de ideologias socialistas e anti-capitalistas nas universidades, e forte presença
dos mesmos idéias nos meios de comunicação em massa. O
fato é que o establishment cultural americano atualmente é
esquerda, e o verdadeiro anti-establishment é de direita. Trocando
em miúdo, ser conservador é ser de esquerda.


E o fato disso ocorrer nos EUA só mostra a que nível o domínio
cultural de esquerda chegou no mundo. Claro que é uma versão diluída
do que ocorre no Brasil, onde existe um quase pensamento único nas esferas
políticas, midiáticas e acadêmicas, comportando tão
somente debates entre as próprias nuances de esquerda para ver quem é
mais socialista.


Para ser verdadeiramente "contra tudo o que está aí",
você tem que ser liberal. Porque tudo que está ai é a esquerda,
queira ou não. A derrota total do marxismo econômico apenas deu
força ao marxismo cultural, que, livre da vergonha da derrota do socialismo
real, pode sobreviver livremente em idéias superficialmente bonitas e
retórica vazia. Com uma embalagem atraente, até lixo vende. Os
mestres da propaganda não são os capitalistas, mas os socialistas,
que sabem muito bem que o segredo para a hegemonia está na manipulação
das massas e não na verdade das idéias.


O que se verifica é que não basta estar certo, tem que parecer
estar certo. No universo cultural, os livros são vendidos pela capa,
e a aceitação depende dos aspectos superficiais. Para vender uma
idéia qualquer, verdadeira ou falsa, é necessário revesti-la
com uma aparência de idéia verdadeira.

quarta-feira, 21 de abril de 2004

A ética dos totalitários

Um traço comum dos fanáticos e totalitários é não
somente a certeza em algum plano para mudar o mundo, mas o desejo de cometer
todos os atos necessários para fazê-lo. Pior do que isso, chegam
em tal ponto em que qualquer forma de moralidade, religiosa ou baseada em senso
comum, é rechaçada como um obstáculo a ser transposto,
servindo tão somente como objeto de manipulação. A única
medida de certo e errado torna-se o quanto um fato ajuda a causa. Bem e mal
passam a ter sentido somente quando em relação aos objetivos do
plano de mudança de mundo. Por essa estrada caminham os apologistas de
genocídio e outras brutalidades. Um crime cometido em nome da causa,
por pior que seja, é aceitável, e até objeto de adulação,
quando possível, ou negação, quando imperativo. Já
um ato intrinsecamente bom, quando prejudica a causa, deve ser criticado da
maneira mais virulenta possível. Para adequar a realidade aos interesses
totalitários, qualquer método é válido. Uma mentira
que ajude é boa, uma verdade que prejudique é ruim.


Podemos imaginar seguinte cenário: um ditador totalitário brutal
prende, tortura e executa dissidentes, controla a imprensa e um séqüito
de seguidores que se enriquecem às custas da opressão do povo.
Para a moralidade comum, isso é errado. Já para um totalitário,
o que antes deve ser examinado é a ideologia do tal ditador. Se for a
mesma que a sua, então: a) Ele não fez nada disso, é tudo
mentira de agentes contrários à ideologia; ou b) Ele tinha mesmo
que fazer tudo isso; ou uma mistura entre ambos. Tanto faz que oscilar entre
mentir e negar os crimes e justificá-los seja contraditório. O
importante é manter a defesa da causa.


Atos tais como impor uma ditadura, prender e torturar dissidentes, ou oprimir
o povo não são por si só reprováveis para a ética
dos totalitários. São neutros, assim como mandar ajuda humanitária
para uma população faminta. Se ajudar a causa, os totalitários
serão a favor de uma ditadura brutal e contra a ajuda humanitária.
Note-se bem que, caso o líder de um país seja contrário
a sua causa, o totalitário irá execrá-lo da mesma maneira.
Uma democracia contrária à causa deve ser atacada tal como uma
ditadura. Uma ditadura favorável deve ser elogiada tal como a mais bela
democracia.


Quando alguém está disposto a cometer qualquer atrocidade em
favor de um plano para mudar o mundo, apagam-se as fronteiras entre ideologia
política e religião: ambas fundem-se numa só. A ideologia
totalitária transforma em uma religião para seguidores fanatizados,
e a religião fundamentalista vira verdadeira ideologia política.
Esse traço comum foi bem estudado por Eric Voegelin. A mente fanatizada
não aceita nenhum questionamento, e vê qualquer obstáculo
ético ou moral como uma invenção maligna do inimigo para
impedir a realização do plano maior. A certeza é tamanha
que não há crime grave demais que não possa ser cometido
em favor da causa. Claro que, compreendendo que nem todos pensam como eles,
sempre que necessário tentarão esconder sua opinião e desejos
sobre uma cobertura de mentiras e enganações com o propósito
de manipular a moralidade comum.

terça-feira, 20 de abril de 2004

Robin Hood e os impostos

Um grande engano do mundo atual é a insensibilidade ao aspecto da coercitividade.
Claro que existe uma responsabilidade moral de ajudar uns aos outros, mas não
na marra. Não existe caridade ou fraternidade à força,
sob peso do poder e violência do Estado. De qualquer modo, como se sabe,
a "ajuda" acaba sendo dissolvida na burocracia e ineficiência
e apenas atrapalha, sugando recursos preciosos da sociedade.


Robin Hood não era aquele que "rouba dos ricos para dar as pobres"?
Mas, pensando bem, era o xerife de Nottingham que cobrava impostos extorsivos
da população. O que o Robin fazia era pegar a grana e devolver
aos seus legítimos donos. Claro que é mais catchy que
"aquele que rouba dos coletores de impostos para devolver aos pobres"
.


Não adianta tentar jogar nobres intenções sobre a sanha
tributária do xerife de Nottingham. Na falta de um Robin Hood, o governo
fica com quase metade da riqueza do país.


quarta-feira, 24 de março de 2004

Século novo, problemas velhos

Tornou-se um espetáculo tragicômico testemunhar uma discussão
no Brasil sobre economia. É uma seqüência vulgar de comentários
erráticos sobre assuntos de nenhuma relevância. O principal problema
do ministério do planejamento é a existência do ministério
do planejamento. Econômica planificada não funciona fora das abstrações
delirantes e desejos autoritários da elite política e acadêmica.
As riquezas provem da livre atuação de todos, e não do dirigismo
estatal, independente de sua máscara ideológica.

O debate sobre o controle da inflação e a taxa é apenas
fútil. Uns afirmam o óbvio, que a política monetária
do atual governo, praticamente idêntica a do governo anterior, não
irá permitir o crescimento econômico. Outros defendem a realidade
igualmente evidente esta é a única postura possível, e
que fugir dela ira levar o país ao desastre. Mas ambos ignoram o problema
real, que a política monetária e a taxa de juros são questões
pontuais, meros sintomas do verdadeiro problema, que é bem mais complicado.
Nesse aí ninguém quer nem encostar.


O governo é enorme e drena compulsivamente uma quantidade exorbitante
de recursos da economia. O Estado, que nada produz, fica com mais de um terço
da riqueza nacional através da colossal carga tributária. Isso
arrasta a economia e, de uma maneira autoritária, impede que a população
desfrute dos resultados do próprio trabalho. Não satisfeito, o
governo suga mandatoriamente quase todo crédito da praça, gastando
uma fortuna de dinheiro público com juros. O crédito que sobra
para a população é caríssimo e difícil. E
por isso tudo dá muito pouco em troca.


O Brasil tem um Estado burocrático e extremamente interventor. É
muito difícil abrir uma empresa nesse país, mantê-la é
quase impossível. Reclamar do liberalismo só é explicável
pela sistemática desinformação e martelamento de idéias
coletivistas desprovidos de respaldo factual. Uma mentira que é repetida
para ver se cola como verdade. A livre iniciativa tolhida por todos os lados.
No índice
de liberdade econômica, o Brasil está pessimamente classificado
entre os "majoritariamente não livres", em 79º lugar.
()


Fica a sugestão que o leitor examine a lista. Busque países com
boa distribuição de renda. Dica: procurem naqueles onde existe
liberdade econômica. Depois, dê uma olhada nos países que
reprimem a liberdade econômica, e planejam e controlam a economia, e vejam
que rumo o Brasil está tomando.


Se liberalismo é liberdade econômica, isso simplesmente não
existe no Brasil, por uma enorme série de motivos culturais, ideológicos
e legais. Impera um misto de coronerismo com socialismo, transformando o governo
em um jurassik park político. O nível de intervenção
e burocracia é brutal. Isso tudo apenas aprofunda a miséria e
as desigualdades econômicas.


É importante notar a relação diretamente proporcional
de que, quanto mais burocrático e interventor o Estado, maior a corrupção.
É claro que existe o problema cultural e, por conseqüência,
jurídico. Mas não podemos ignorar a ampla oferta de possibilidades
de corrupção oferecidas por um Estado que proverbialmente cria
dificuldades para vender facilidades através de regras bizantinas e pouco
transparentes. A despeito dos melhores esforços legais, o ambiente para
a corrupção no Brasil continua fértil.


Leis trabalhistas baseadas no fascismo italiano engessam as relações
de trabalho. Na prática, uma proporção altíssima
da população trabalha na informalidade. Nessa economia informal
não existem direitos trabalhistas. Quanto mais rígidas as leis,
mais elas excluem a população de ter quaisquer direitos. Seria
preferível dar às pessoas na informalidade alguns direitos, mas
isso é ilegal. Não adianta argumentar que é possível
aplicar a lei à toda atividade econômica, que apenas falta fiscalização.
Os negócios informais, por definição, são economicamente
inviáveis dentro da formalidade legal. Quanto maior a proporção
da economia informal, mais impraticável e antieconômicas são
as regras.


Os países ricos tem tanta oposição à globalização
quantos os pobres, e, na verdade, é deles de onde parte a maior resistência
ao livre comercio. Basta pesquisar um pouco para descobrir que, dos EUA à
Europa, as justificativas políticas para defender o protecionismo vem
de todos os setores, tanto de "conservadores" quanto "progressistas".

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2004

LOTR in Brazil

No seu blog, o Alexandre indaga sobre o que ocorreria se o Tolkien fosse Brasileiro. Pois bem, uma das conseqüências podia ser isso aqui.



Com cavalo preto

Espectro do mal!

Manda o grito pra galera

força black na moral


No Pônei Saltitante

Na Cidade de Bree!

os Nazgûl vão abalar

e a galera vai partir




sábado, 31 de janeiro de 2004

Cinema

Com toda a onde a respeito das indicações ao Oscar de um filme brasileiro, podemos traçar alguns comentários sobre o tema do Cinema feito no Brasil, em larga parte financiado com dinheiro do governo. Não é justo que toda a população, inclusive os que não gostam de cinema, sejam forçados financiar a sétima arte. Não existe cinema independente (do ponto de vista cultural) quando este é financiado pelo governo. Isso ocorre porque, ao invés de fazer algo que agrade ao público, os diretores são incentivados a fazer algo que agrade os burocratas que decidem aonde vai a verba. É profundamente antidemocrático, já que tira a soberania do verdadeiro interessado, que é o público.



Qualquer pessoa de uma cidade pequena que nem tem cinema acaba financiando involuntariamente todo o cinema nacional quando coloca gasolina no carro, ou compra um produto qualquer no mercado. Também devemos considerar que, embora cinema não seja exatamente produzido e consumido pelas classes mais pobres do país, é em parte financiado compulsoriamente por esta.

terça-feira, 9 de dezembro de 2003





Excelentes artigos
publicado na Tech Central Station sobre quem,
afinal, vota nos republicanos
. O membro típico do partido republicano
é minoritário na população americana, mas existem
aqueles que, como o pessoal do South Park, acha os republicanos babacas, mas os democratas mais babacas ainda.

quinta-feira, 13 de novembro de 2003

Matrix Revolted

O episódio final da trilogia Matrix, que deixou muito em aberto,
tem gerado uma enorme polêmica sobre as possíveis interpretações
da série. Incluindo, é claro, quem afirma que não há
muito que entender devido à confusão e falta de lógica
reinantes. Incoerências à parte, cabe tentar compreender não
apenas o universo em si, mas da visão por traz dele. Arte é, afinal,
uma forma de expressão. Não importa, para o propósito deste
artigo, se Neo era um programa, uma máquina, ou se Zion era real, ou
essas discussões subjetivas sobre aspectos técnicos.


Desde o filme original podíamos notar que os humanos rebeldes matavam
sem dó nem piedade seus pares aprisionados na Matrix. A atitude é
explicada pela habilidade dos “agentes” de se materializar em qualquer
pessoa, mas a falta de remorso, não. Entretanto, podemos notar que houve
uma mudança fundamental no foco da série. O filme original era
sobre a luta da humanidade para libertar-se das máquinas. Os episódios
subseqüentes tratam da luta de Zion por sobrevivência dentro do contexto
de que a própria cidade é um mecanismo de controle das máquinas.
O objetivo não é mais se libertar das máquinas, mas encontrar
uma posição mais confortável dentro do sistema de escravidão.


Com o lançamento de Animatrix, em especial às duas partes
de “A segunda renascença”, que reconta como as máquinas
escravizaram a humanidade. Para alem do horror explícito, o que torna
essa narrativa perturbadora é o tom favorável as máquinas.
Essas seriam vítimas da vaidade e belicosidade humanas. Exiladas no local
berço da humanidade, fundam uma cidade (Zero-One, foneticamente
parecida com Zion, a cidade humana). Esgotadas as tentativas de convivência
pacífica, movidas apenas pelo desejo de auto-preservação,
as maquinas empreendem sua brutal campanha escravizar a humanidade.


O projeto de escurecer os céus e usar os seres humanos como baterias
é ilógico, fisicamente impossível e irracional sobre múltiplos
aspectos. Nem vale a pena discuti-los seriamente, nem é esse o objetivo
desse artigo. O que importa é que, no universo Matrix, inicialmente a
humanidade é culpada pelo conflito, e as máquinas são vítimas.
Essa visão vem balancear a postura do primeiro filme, claramente favorável
aos humanos escravizados por máquinas.


Em Matrix Reloaded, encontramos programas independentes, como o Merovingian
e sua esposa, Persephone. Esposa? Sim, programas de computador, no
Universo Matrix, amam, se casam, e tem filhos. Em Reloaded, a explicação
poderia ser de que, por terem sido programados para existir dentro do Matrix,
os programas deveriam emular reações e comportamentos humanos.
Revolutions desbanca essa teoria com os programas hindus, que, embora existam
fora do Matrix, também se amam, se casam, tem filhos, acreditam
em karma, e tem características étnicas totalmente desnecessárias
para softwares utilitários.


A mensagem de Matrix é bem clara. As máquinas são seres
vivos e possuem um valor intrínseco tão grande quanto os seres
humanos. E, afinal de contras, o que exatamente Neo está vendo em Revolutions?
Quando o agente Smith no corpo de Bane lhe deixa cego, Neo passa a ver o mundo
em vermelho. Será aquela a maneira que as máquinas vêem
a si mesmas? Não são impulsos elétricos nem sinais de equipamentos
eletrônicos, uma vez que Neo é incapaz de ver Logos, a nave na
qual se encontrava. Tampouco podia ver Trinity, tudo o que podia ver eram maquinas
vivas. Pode-se teorizar que a ligação de Neo com a fonte lhe permite
ver tudo o que era ligado a ela. Essa afirmação, contudo, não
é compatível com o próprio filme, no qual vemos o espectro
de uma Sentinela atravessa o corpo de Neo. Ora, as leis da física proíbem
que dois corpos ocupem ao mesmo tempo o mesmo lugar no espaço. Se aquela
sentinela não estava fisicamente ali, em que consistia aquele espectro?
Algo como a “alma” da máquina, assim como Neo conseguia ver
a “alma” de Smith, com óculos e tudo, no corpo de Bane?


Coerentemente, Neo, ao contrário do esperado pela platéia, não
busca salvar a humanidade da escravização das máquinas
ao final do filme. Ele vem para estabelecer uma paz, mesmo que temporária,
entre ambos. Neo salvou tanto as máquinas quanto os humanos do programa
Smith através de seu auto-sacrifício. Afirmar que o universo Matrix
equipara homens e maquinas chega a ser uma interpretação favorável,
já que a superioridade dessas últimas é defendida pelo
Smith e pelo Arquiteto.


A estética dos excluídos


Matrix faz amplo uso da estética dos excluídos e perseguidos.
Em Animatrix, as máquinas são perseguidas por humanos
malvados e se exilam. Em Matrix, o processo se inverte. Provavelmente
que em esse motivo que em Zion a população inteira, até
mesmo o conselho, veste-se em trapos como mendigos. Ora, uma sociedade capaz
de produzir enormes robôs e naves de combate não consegue fabricar
roupas limpas? Trata-se de um fashion statement.


Religião e Filosofia


Abundam em Matrix referencias religiosas de cristianismo, budismo, gnosticismo,
e muitas outras religiões. Mesmo usando simbologia religiosa, não
existe nenhuma forma real de transcendência em Matrix. Filosoficamente,
Matrix pega pesado no existencialismo e na busca de propósito, mas não
chega a explorar o tema ou à alguma conclusão. Toda o debate dos
personagens sobre livre arbítrio tornar-se estéril quando determinismo
impera. Existe também uma certa dose de niilismo descarado. Mas o ponto
principal é o aspecto desumanizante de Matrix. Os seres humanos não
são pouco melhores que máquinas ou programas de computador. Tornam-se
até objetos de uso destes.


O filme resolve-se com a paz entre humanos e máquinas, não com
a libertação humana de seus opressores. O arquiteto não
afirma que todos os seres humanos serão libertados, mas apenas aqueles
que desejam sair. Como esse desejo é condicionado à consciência
de que a Matrix existe, e esta consciência é restrita a uma minoria
que rejeita a programação, trata-se de fração restrita
da população. Aos poucos que vivem em Zion será permitido
co-existir pacificamente com as máquinas, vivendo embaixo da terra, com
toda a superfície da terra sob o poder das máquinas. Uma paz,
diga-se de passagem, de termos e duração desconhecidos. Aos outros,
resta a confortável escravidão.