quarta-feira, 2 de fevereiro de 2005

A Independência dos Impostos

Finalmente o povo brasileiro está acordando do pesadelo tributário. Ou pelo menos acordando para esta realidade que aflige o país há décadas. Chega de desculpas políticas. Impostos servem apenas aos políticos e burocratas que se acham donos do poder e do país. Quando o governo chega a tomar quase metade dos recursos de uma nação, independente da bandeira, estamos nos aproximando do totalitarismo.


Mesmo que seja um totalitarismo light, civil, bem comportado, com bons marketeiros e palavras gentis. Isso não é culpa de nenhum governo especifico, mas de todos. Desde o retorno á democracia, independente do partido no poder, têm sido constantes no Brasil a corrupção, o aumento de impostos e da violência. A relação entre os dois primeiros é, ao mesmo tempo, evidente e desanimadora. A última é a prova de que o gigantismo estatal é, na melhor das hipóteses, totalmente inútil. Quanto maior é o Estado, menor é sua presença onde é desesperadamente necessário, como na área de segurança. Mesmo a saúde e a educação têm sido mero pretexto. A CPMF há muito deixou de ser temporária ou ajudar a saúde. E de quebra neutralizou o sigilo bancário por meio do cruzamento de dados.


Impostos abusivos são um desastre para o crescimento econômico. Qualquer debate sobre política econômica que não trate da diminuição da carga tributária não terá resultados. Os efeitos tóxicos do abuso fiscal na sociedade são como um elefante numa loja de louças. Não dá para ignorar.


A verdade é que o imposto é uma das formas de dominação mais eficientes já concebidas pelo homem. No passado, foi através dos impostos que as metrópoles controlavam suas colônias. E foi para se libertar dos impostos que as colônias das Américas começaram a declarar sua independência.


Não foi diferente no Brasil Colônia, onde ocorreram revoltas contra o imposto do Quinto. Com a carga tributária batendo em escorchantes 40%, chegamos ao dobro desta monta. Um brasileiro é taxado, atualmente, em quase o dobro do montante que um brasileiro da era colonial achava inaceitável.


Deve ser motivo de choque aos estrangeiros constatar o nível de impostos, tributos e contribuições sociais submetidos aos brasileiros. Menor não deve ser a surpresa ao descobrir todas as regalias, benesses e apadrinhamentos outorgados pelos beneficiários do poder a si mesmos. Mas talvez o que os deixe mais atônitos seja a maneira insidiosa como o cidadão não tem escolha nem escapatória.


Porque todo nosso sistema brasileiro é desenhado de modo hostil aos contribuintes, refletindo o que vem a ser chamado de sanha tributária. O cidadão é tratado como um marginal. Inexoravelmente vê seus direitos serem corroídos Passivamente tem o fruto de seu suor abocanhado por mordidas cada vez maiores. E não se enganem, o Estado Brasileiro brilha na área de achacar seus contribuintes. Temos know-how para dar e vender. Muito mais do que urnas eletrônicas, samba e futebol, a capacidade do governo brasileiro de bater recorde em cima de recorde de arrecadação é motivo de inveja para a receita de outros países. Somos líderes mundiais.


Uma reforma real do sistema tributário é essencial para que se comece a pensar em uma solução para qualquer problema. Fugir dessa realidade é demagogia. O que se pede é nada menos do que a justiça. Está na hora da sociedade como um todo dar seu grito de independência e dizer chega ao abuso tributário.

The Brazilian Political System

The Worker's Party (PT) is currently, by large, the richest party in Brazil. This is due to a highly effective policy of taxing their own members that are employed in the public sector, and then employing a very large amount of members on the public sector. On the last elections, its reported that they spend more money then all other 3 major parties combined. It was quite a remarkable growth overall, but fell short of a complete victory by losing key elections on major capitals.


The PSDB is much weaker than before, but still the major opposition party. They are the evil twin of the PT, or the other way around. But they are very different. One is red, and the other one is blue. Rings a bell?


The PFL is a sad, pathetic reminder that large sectors of Brazilian thought have no political representation.


The PDMB supports the government. Whatever that is.


The PRONA has some lovable nuts and is mostly a vessel for protest votes.


The PSTU is a Trotskyite (or Leninist... who cares) party that considers everyone else a bunch of dirty bourgeois dogs. Very popular on middle class universities where people drive on their imported cars to their parents beach houses to discuss the communist revolution. They hate the PT Stalinists, of course. But, then again, everyone does. Her motto is “whoever punches the card don’t vote for the employers”, which rhymes on Portuguese.


The PTB isn´t a party, but rather a lot of different people that doesn’t have any ideological or political coherence.


The PP is the PTB on steroids. For example, one of PP´s most virulently politician recently supported PT´s candidate for our most important city. As expected, it was a major defeat, since they had the combined rejection level of everyone.


terça-feira, 1 de fevereiro de 2005

A verdade não se cala

Qualquer um que pretenda compreender o papel na Igreja Católica na Segunda Guerra Mundial deve ter como imperativa a leitura deste artigo do rabino e historiador David G. Galin.É uma bela e comovente defesa da Igreja e do Papa como raramente vemos algum católico fazer. Alias me pergunto se algum católico já fez uma defesa tão boa sobre o período histórico quanto esta. Trata-se de uma argumentação tão poderosa e bem articulada que prescinde de qualquer introdução. Avassaladora na amplitude das fontes históricas e dos testemunhos de quem viveu na época, este artigo escrito por David não é menos do que definitivo sobre o tema. No turbilhão de acusações sem provas, finalmente uma visão sensata e verdadeira sobre o Papa Pio XII. Absolutamente recomendado.

Sexo, Camisinhas e Rock and Roll

Existe na classe média um conceito bizarro de que os pobres são uns animais que fazem sexo incontrolavelmente, e que a única solução é jogar camisinhas de pára-quedas para tentar conter a explosão demografia e de AIDS. Isso do mesmo público que gosta do relatório Kinsey, de fotos do Sebastião Salgados e filmes do Walter Salles. (Daquele tipo “Ih, olha um pobre ali! Vamos entendê-lo. Ei, seu pobre, tudo bem?”)


Claro que não se pode perder uma oportunidade reclamar da Igreja Católica. Atenção, para quem não sabe: Quem parte para uma orgia bissexual pan-erotica não deixa de usar camisinha por respeito à doutrina da Igreja!


Será que o sujeito ou sujeita, ao adentrar na supra referida orgia libidinosa de cunho multi-erótico, no momento de cognição acerca do altamente recomendável de preservativos, tem em grande peso a doutrina sexual do catecismo?


Quem achar que sim tem sérios problemas. É claro que são principalmente os católicos que deveriam respeitar a doutrina da Igreja. E quantos o fazem? O resto é aproveitamento político de uma questão séria.


***


Frases:


Eu não compreendo, pessoas que separam sujeito do verbo.


The ultimate paradox is a paradox which isn´t a paradox.

domingo, 30 de janeiro de 2005

Dia das eleições no Iraque

A esperança venceu o medo. Um justificado medo de terroristas e bombas. Que mataram, mas não venceram. Mais no Iraq the Model. Uma democracia pode estar surgindo onde poucos acreditavam ser possível.



Update:



Retrocesso totalitário no Brasil. Agora o governo federal vai filtrar as pesquisas do IBGE para que nenhuma informação sobre a realidade venha a entrar em conflito com seus interesses os interesses políticos.


sexta-feira, 28 de janeiro de 2005

O mistério do Sudário de Turim

Sempre é bom ter algo de misterioso e sagrado em um mundo de ideais pasteurizados e entusiasmos insossos.


Um novo estudo publicado em uma revista cientifica indica que a Relíquia é mais antiga do que se imaginava. Nenhuma surpresa, visto que os testes de Carbono 14 foram objeto de criticas. Ao que parece, as amostras colhidas não faziam parte do tecido original.


Trata-se sem dúvida de algo excepcional. Mesmo que fosse falso, seria completamente único. Em plena idade média um artista teria conhecimentos de anatomia séculos antes de seu tempo. E o meio pelo qual a pintura foi fixada no tecido até hoje é um total mistério.


Sempre deve ser lembrado que o Sudário não é oficialmente reconhecido como verdadeiro. E não é provável que qualquer estudo possa declará-lo autêntico. A fé não pode depender de provas materiais. Felizes são os que acreditam sem ver.


Portanto, não deve ser encarado como algo necessário. Mas o fato é que existe, e não pode ser ignorado. O homem tem a liberdade e a capacidade de racionalizar dados empíricos para melhor adequá-los às suas convicções. Quem tem fé não precisa do Sudário. Pode acreditar, mas não de uma maneira dependente. Quem não tem fé dificilmente mudará de opinião por uma prova cientifica.


Acredito que o Sudário sirva para nos fazer meditar sobre a Paixão e Ressurreição de Cristo. Um símbolo sobre a realidade que alterou para sempre a condição humana.


Grandes Momentos do Cinema

Método Darth Vader para vencer um debate (Star Wars, 1977).





Motti: This station is now the ultimate power in the universe. I suggest we use it!

Vader: Don't be too proud of this technological terror you've constructed. The ability to destroy a planet is insignificant next to the power of the Force.

Motti: Don't try to frighten us with your sorcerer's ways, Lord Vader. Your sad devotion to that ancient religion has not helped you conjure up the stolen data tapes, or given you clairvoyance enough to find the Rebel's hidden fort...

(Vader Force Choke)

Vader: I find your lack of faith disturbing.



Avisos que deveriam existir II

quinta-feira, 27 de janeiro de 2005

Como escrever textos de retórica vazia

Existe um processo crescente de uniformização do discurso no Brasil. Cada vez mais o texto objetivo vem perdendo espaço para a retórica vazia no idioma português. Não é mais necessário recorrer a organizações como Caros Amigos, Carta Capital ou Carta Maior. Nem esse tipo de recurso é usado somente por comentadores de blogs e comunidades do Orkut. Esse discurso permeia insidiosamente o acadêmico e jornalístico. A intolerância com a dissidência torna-se evidente. Cada vez mais os padrões de aceitabilidade do pensamento considerado independente estão se tornando norteados por discurso ideológico.



Vejamos algumas regras básicas:



  1. Escolha um tema, real ou imaginário.

  2. Culpe os inimigos de sempre. No caso brasileiro, os EUA, o Bush, o capitalismo e a burguesia.

  3. Invente uma justificativa para isso. Qualquer uma. Uso de expressões vazias como "exclusão social" e “justiça social” é obrigatório, independente da relevância com o tema. Também é licito inventar expressões novas, sem medo do ridículo. Porque não um “saneamento básico social” ou “engenharia de materiais social”?

  4. Entre em contradição na segunda metade do artigo, defendendo o oposto do começo, mas ainda culpando os mesmos grupos, quais sejam, os EUA, o Bush, o capitalismo e a burguesia. Lembre-se: americanos somos nós. Eles são estadunidenses.

  5. Não faça sentido. O que pode ser compreendido, pode ser rebatido. O Bush deve ser tratado, ao mesmo tempo, como burro e gênio do mal. Os terroristas são, simultaneamente, aliados dos EUA e seus piores inimigos. Apenas a repetição incessante pode iludir a mente a ignorar contradições básicas.


Modelo 1


[Título]

[Grupo de minoria não ocidental] ocidentalizados, culturalmente colonizados pelo neoliberalismo estadunidense, fazem [assunto] demonstrando sua subserviência moral ao sistema excludente de renda que explora os paises subdesenvolvidos. Mais um sinal que a doutrina Bush esta dominando o planeta, um [objeto relacionado] de cada vez.



  • Exemplo 1

    Mostra de escultura de gelo em Tóquio

    Nipônicos ocidentalizados, culturalmente colonizados pelo neoliberalismo estadunidense, fazem estatuas de gelo demonstrando sua subserviência moral ao sistema excludente de renda que explora os paises subdesenvolvidos. Mais um sinal que a doutrina Bush esta dominando o planeta, uma escultura de gelo de cada vez.

  • Exemplo 2

    Jogos Indígenas

    Índios ocidentalizados, culturalmente colonizados pelo neoliberalismo estadunidense, fazem jogos de esportes imperialistas demonstrando sua subserviência moral ao sistema excludente de renda que explora os paises subdesenvolvidos. Mais um sinal que a doutrina Bush esta dominando o planeta, uma aldeia de cada vez.


Modelo 2


[Título]

Mais uma vez as [populações não ocidentais], que sofreram séculos de exclusão social devido às forças do capitalismo, tentam defender seus direitos contra o modelo imperialista do consenso de Washington. Desta vez, por meio de [assunto]. Nessa tentativa de auto-afirmação as culturas entram em conflito com a visão unilateralista da doutrina Bush.



  • Exemplo 3

    Jogos Indígenas

    Mais uma vez as populações indígenas, que sofreram séculos de exclusão social devido às forças do capitalismo, tentam defender seus direitos contra o modelo imperialista do consenso de Washington. Desta vez, por meio de jogos. Essa tentativa de auto-afirmação por meio dos esportes entra em conflito com a visão unilateralista da doutrina Bush.

  • Exemplo 4

    Mostra de estátuas de gelo em Tóquio

    Mais uma vez as populações asiáticas, que sofreram séculos de exclusão social devido às forças do capitalismo, tentam defender seus direitos contra o modelo imperialista do consenso de Washington. Desta vez, por meio de estatuas de gelo. Essa tentativa de auto-afirmação por meio das artes entra em conflito com a visão unilateralista da doutrina Bush.


Como podemos perceber, os modelos servem para praticamente qualquer propósito. Vamos, tente fazer seus próprios. Também é possível misturar diferentes modelos, não sendo necessária grande coesão.Basta seguir as regras básicas.


quarta-feira, 26 de janeiro de 2005

terça-feira, 25 de janeiro de 2005

Porque as mulheres caem em cantadas ruins?

Trata-se de um dos temas de estudo dentro os mais debate sobre a mente feminina. Diversas teorias existem para tentar elucidar o fenômeno. Examinemo-las a seguir.


1. Fantasia (inverdade)

Mulheres não caem em cantadas ruins. Visão idealista facilmente desacreditada pelos fatos de que parte das mulheres cai sim.


2. Inteligência (ou falta dela)

Apenas as mulheres burras caem em cantadas ruins. Seria simples se fosse assim, mas com o mesmo fato se verifica com as inteligentes.


3. Não existe cantada boa (assim como trocadilho)

Se toda cantada é ruim, não resta opção às mulheres a opção de aceitar as cantadas boas. Doravante, por definição, qualquer cantada será ruim.


4. Precaução (cantada boa é coisa de viado)

Homens bonitos, ricos, ou de outro modo desejáveis não precisam de cantadas boas. Logo, suas cantadas serão ruins e pouco elaboradas. Se alguém aparece com uma cantada boa, logo se desconfia que exista algo de errado com o sujeito.


5. Interesse (objetividade)

Essa pode operar conjugada com as opções 3 e 4. Se a mulher quiser o homem, vai topar até mesmo a cantada ruim. Depende de uma visão mais cínica de mundo.


6. Estratégia (vai com calma)

Homens têm medo de mulheres inteligentes. Portanto, elas fingem ser burrinhas e entram na conversa mole para não assustar. Ora, isso se parece demais com seção de “pergunte á sexóloga” de revista de fofoca para ser verdade.


7. Aleatoriedade (ninguém entende as mulheres)

Não existe motivo baseado em causas e explicações racionais. Apenas é assim, e não adianta ficar quebrando a cabeça.

domingo, 23 de janeiro de 2005

Resenha - Team America: World Police


America , fuck yeah. Freedom is the only way.


Finalmente um filme consegue capturar toda a complexa trama de geopolítica global, e acaba sendo mais informativo que o jornalismo brasileiro. Os criadores de South Park Trey Parker e Matt Stone eqüitativamente esculacham tanto vermelhos e azuis, e ambas as cores são usadas pelos heróis.


Claramente inspirado na série cult de TV Thunderbirds, O filme inteiro é rodado com marionetes e miniaturas. Os americanos são completamente incapazes de agir discretamente e são alheios aos danos colaterais causados por suas ações policiais. Em breve passagem por Paris, destroem a Torre Eiffel, o Arco do Triunfo e o Louvre. Os inimigos são os terroristas, devidamente estereotipados, que tem obtido WMDs. Logo se descobre que o fornecedor é o ditador Norte Coreano Kim Jon Il (que tem a voz feita pelo diretor do filme), uma atração à parte como principal vilão com um plano para conquistar o mundo. Ou destruí-lo. Or something.


Os oponentes mais engraçados, contudo, são os atores metidos a besta da elite esquerdista de Hollywood. Sean Penn explica como era Iraque antes da invasão americana, um local maravilhoso onde as crianças brincavam em rios de chocolate. Janeane Garofalo afirma que os atores devem ler opiniões no jornal e repeti-las no dia seguinte na TV, como se fosse deles. Isso se aplicaria aqui caso os atores brasileiros lessem jornal. O líder do Film Actors Guild (F.A.G.), Alec Baldwin, defende que o que falta ao mundo é a liderança de um grupo de experts em política internacional, ou seja, eles mesmos. O filme conta, entre outras estrelas, com George Clooney, Helen Hunt, Micheal Moore, Tim Robbins, Susan Sarandon, Liv Tyler, Samuel L. Jackson, e até mesmo Hans Blix. No final os atores acabam enfrentando os heróis – afinal eles já fizeram filmes de ação. Após histéricas seqüências de luta, todos têm um final brutal extremamente gráfico. O quão brutal é possível considerando-se fazer com marionetes.


Mas de modo algum Team América deve ser encarado como filme conservador. Pelo contrario, conta com toda sorte de linguagem abusiva e uma seqüência cômica de sexo explícito. As roupas e os veículos são exageradamente elaborados com as cores e símbolos dos EUA. Junto com o nome de uma cidade nos letreiros, aparece sua distancia para a América. No caso da Cidade do Panamá, a distancia para a “Verdadeira America”. Pelo que consta os produtores são libertarians e não se encaixam em nenhuma ala do bipartidarismo americano. Mas são bem menos democratas do que republicanos, por assim dizer.


A trilha sonora é uma atração em especial. A ação é boa, a historia é fluida, e, o mais importante, o filme é completamente hilário. Umas das melhores comedias dos últimos tempos. O discurso final demonstra uma compreensão sobre política internacional que deve fazer inveja ao Itamaraty, que infelizmente não vai entender já que não precisam mais falar inglês. Mas isso é inacreditável demais até para esse tipo de filme.


Resenha ruim: Ebert ficou ofendidinho porque atacaram a elite de Hollywood. Ridículo. Aliás, demonstrou não ter idéia do que seja niilismo.


Resenha boa: Rolling Stones gets it.

sexta-feira, 21 de janeiro de 2005

Secrets of Orkut

Querem saber quantos corações tem no Orkut? Quer afagar seu ego, ou quebrá-lo em mil pedaços como uma estatua de golfinho de gelo derrubada por bêbado em festa de casamento?


Seus problemas acamaram!


Aprenda já o antigo ritual secreto para descoberta dos dados orkut.


Selecione SEARCH.


Em Location, escolha ANYWHERE.


Em Show, escolha FRIENDS.


Aperte SEARCH, e pronto. Sua lista de amigos com um número indicando quantas carinhas, cubinhos de gelo e corações.


Not half bad. Mas e como saber dos seus próprios números?


Simples, peça para um amigo. O Orkut é uma comunidade, afinal de contras, cujo propósito se comunicar e fazer amigos.Vá se socializar. Pero non troppo.


Pensamento orkutiano do dia: As comunidades de individualistas costumam ser vazias.


quinta-feira, 20 de janeiro de 2005

Muita calma nessa hora

Julia entra em casa. Escuta alguns gemidos, e vai até o master bedroom. Fica chocada. Da de frente com uma cena dantesca que só pode ser descrita como uma morsa doente escalando uma pedra. É o seu marido.


Julia: (gritando) Astolfo, seu canalha! Na minha cama, com minha melhor amiga?


Astolfo: (Tranqüilo, senta na cama, coloca os óculos): Calma, Julia. Muita calma nessa hora.


Julia: (nervosa) Calma? Calhorda!


Astolfo: Não é nada disso que você esta pensando.


Julia: Como não!? Eu estou te vendo, pelado, com minha melhor amiga, igualmente pelada, na cama! Na nossa cama!


Astolfo: Sim, mas não foi culpa nossa. Você não pode simplesmente analisar a realidade presente e ignorar a seqüência de causas naturalísticas e deterministas que nos trouxeram a este ponto inevitável, qual seja, o nosso status de nudismo na cama.


Julia: Para de enrolar, Astolfo!


Astolfo: Mas é verdade. Não seja tola. Livre arbítrio é uma ilusão (gesticula com as mãos), uma ilusão, eu te digo! A Mônica veio aqui procurando por ti, porque a bateria do celular quebrou e não recebeu teu aviso para encontrá-la no shopping. Portanto, a causa é qualidade da bateria do celular. Culpa dos nórdicos. Não é toa que os Vikings usam capacetes com chifres, tendo baterias assim.


Julia: Mas vocês não precisavam ir para a cama.


Astolfo: Ah, mas precisávamos sim. Foi instinto. Milhões de anos de evolução que formaram todas as formas de vida nesse planeta. O homem é naturalmente moldado pela natureza como infiel, a monogamia é uma construção social. Ela queria, eu queria, havia a oportunidade e os meios. As causas tornaram o evento inevitável.


Julia: Vai tomar no teu [cinema nacional] gordo, Astolfo. (Bate a porta, e vai embora)


Astolfo: (suspira, e olha para Mônica) Gente ignorante é fogo. Mais champagne?

The Dog ate my Free Will

Alguém já parou para pensar a quantidade de esforço filosófico desprendido numa tentativa de se negar o livre arbítrio?


Determinismo (biológico, genético, social, econômico, socioeconômico, histórico, evolutivo, materialista, psico-genetico-evolutivo com cebolas), niilismo, pessimismo, dadaísmo, e por ai vai. Coisa de quem acredita no demônio de Laplace.


Primeira Causa? Deísmo.


Senso de responsabilidade, razão, livre arbítrio, cognição, reflexão, diferença ontológica, culpa, solidariedade? Uma grande piada de Deus ou da natureza, caso consiga distinguir alguma diferença.


Curiosamente, para quem sabe que o livre arbítrio existe, tanto pelo conhecimento religioso quanto pelo empírico, isso tudo é quase sem sentido.


É como uma criança que quebra um vaso. A culpa não é dela. Nunca. Foram outras causas.


“Calma, não é nada disto que você esta pensando!”. E não é mesmo. Determinismo, baby. Não é culpa minha.


Agora, quando arranham o carro do determinista, ele fica chateado. Porque? Foi uma seqüência inevitável de causas naturalísticas. Nada que role nenhum sentimento.


Nada pessoal. Nada é pessoal. Nada é pessoa.


No direito, loucura é uma forma de negação do livre arbítrio. Na filosofia, ao que parece, é o contrário.