segunda-feira, 18 de agosto de 2003

Nietzsche in the city


"O Socialismo é o fantasioso irmão mais jovem do quase
decrépito despotismo, o qual quer herdar. Suas aspirações
são, portanto, no pleno sentido mais profundo, reacionárias. Pois
ele deseja uma plenitude de Poder estatal como só a teve alguma vez o
despotismo, e até supera todo o passado por aspirar ao aniquilamento
formal do indivíduo
: o qual lhe parece como um injustificado luxo
da natureza e deve ser melhorado e transformado por ele em um 'órgão
da comunidade' adequado a seus fins.


Devido a sua afinidade, o Socialismo sempre aparece na vizinhança
de toda excessiva manifestação de Poder
, como o antigo socialista
típico, Platão, na corte do tirano siciliano: ele deseja (e em
algumas circunstâncias promove) o estado ditatorial Cesário deste
século, por que, como foi dito, quer ser seu herdeiro. Mas mesmo essa
herança não bastaria para seus objetivos, ele precisa da mais
servil submissão de todos os cidadãos ao Estado absoluto
,
como nunca existiu nada igual; e como nem sequer pode contar mais com a antiga
piedade religiosa ante o Estado, tendo, queira ou não, que trabalhar
incessantemente por sua eliminação -pois trabalha para a eliminação
de todos os Estados existentes -, não pode ter esperança de existir
a não ser por curtos períodos, aqui e ali, mediante terrorismo
extremo. Por isso ele se prepara secretamente para governos de terror, e
empurra a palavra "justiça" como um prego na cabeça
das massas semicultas
, para despoja-las completamente de sua compreensão
e criar nelas uma boa consciência para o jogo perverso que deverão
jogar." (grifamos) NIETZSCHE, FRIEDRICH W., Humano, Demasiadamente Humano, Compania
das Letras, 2000em>.


Muitíssimo interessante trecho do livro "Humano, demasiadamente
humano
" de Nietzsche, publicado em 1878. O texto é de relativamente
fácil interpretração, leia a ele, não a este comentário.
Mas caso deseje aventurar-se, trata-se de uma obra quase profética das
atrocidades totalitárias cometidas em nome do "bem comum" por
ditaduras socialistas. E quanto ao uso da palavra "justiça"
para empurrar sua ambição pelo poder absoluto goela abaixo das
massas, não deve ser difícil perceber a desenvoltura com que tal
ardil ainda é utilizado.