quinta-feira, 30 de junho de 2005

Os limites da ciência.

Um dos fenômenos mais chatos da Internet do mundo moderno é o pessoal se acha muito racional e científico de fazer argumentos tolos contra a religião. É simples: o método científico não trata de propósito e significado. Deus criou o universo, não é parte deste, nem um fenômeno observável. Será que é tão difícil de entender?

Pelo jeito é. Encher a paciência dos outros com isso é uma flagrante violação da filosofia da ciência. Acredite no que quiser. Não acredite. Mas não tente fazer isso passar por ciência.

Felizmente existem excelente artigos como este, do reputado físico George Ellis, que explica a coisa toda. Dica do blog do Cláudio Tellez. Até hoje existe gente que diz que não existe limites para a ciência, e outros dogmatismos creepy. Mas esse tipo de fantasia felizmente é facilmente dispersada pela realidade. E de maneira científica.

terça-feira, 28 de junho de 2005

Diálogo entre Católicos e Ortodoxos

Com a cisma de 1054 Igreja Una, Santa, Católica e Apostólica foi dividida entre Ocidente e Oriente, tendo como centros Roma e Constantinopla, respectivamente. Cada qual passou a ser o centro de uma comunhão com outras Igrejas. Em um processo prolongado, maior parte das Igrejas Orientais ficou com Constantinopla, embora algumas nunca tenham deixado Roma. Cada qual, obviamente, declara ser a verdadeira Igreja.


Explicando em termos mais claros, o Papa é o Bispo de Roma, Patriarca da Igreja Ocidental, além de vigário de Cristo. As jurisdições são diferentes. A primeiro refere-se a Roma. A segunda, à Igreja de rito latino. A terceira é universal.


Parece-me um fato pouco conhecido que excomunhão mútua entre o Papa e o Patriarca de Constantinopla foi inválida, porque foi posterior ao falecimento do primeiro, e feita por quem não tinha autoridade no segundo. Fora este fato, em 1965 ambas fora, por segurança, revogadas por ambas as Igrejas.


Temos, então, uma situação peculiar. Com a cisma, não existe comunhão, porém sem a excomunhão formal.


O papa tem seguindo o trabalho do seu antecessor, e a tendência é a aproximação cada vez maior com os Ortodoxos. Entretanto, diálogo é uma coisa, união é outra. Tentativas históricas não obtiveram sucesso. Mas ao menos ambos os lados a consideram como possível, o que, em si, já diz algo de profundamente significativo.

quarta-feira, 15 de junho de 2005

Guia de apreciação do Cinema Nacional

Central do Brasil



Musica dramática. Umas pessoas pulando num trem. Fernanda Montenegro escrevendo cartas. Caio no sono.



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Acordo. Aquele ator da globo fugindo no caminhão. Gente andando num onibus para o sertão. Tiro uma soneca.



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Acordo. Moleque gritando "cade meu pai?". Moleque chato. Pego no sono de novo.



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Me cutucam. Créditos rolando. Musica chata. Até que não foi tão ruim.

segunda-feira, 13 de junho de 2005

Algo a acrescentar

Relativismo é impossível, pois deveria ser uma realidade absoluta para existir. Mas o absolutismo exagerado é chato também. Assim como o liberalismo exagerado acaba se aproximando mais do coletivismo do que da liberdade.



Toda regra tem exceção, inclusive esta. Citar excessões é, em regra, desnecessário, visto que confirmam a regra, com excessões, claro. É até ofensivo citar exceções,vez e outra. Como quando se fala sobre cinema. Quer coisa mais feia que citar um filme razoavelzinho no meio de um ótimo debate espezinhando cinema brasileiro?



Ainda que exista um filme realmente bom. Náo é hora. É como comentar que a década não vira no ano 0, mas no ano 1, no meio de uma festa. É verdade, mas é chato e desnecessário.



Não acrescenta nada, diriam. Entretanto, existe algo que acrescenta menos do que dizer que outra coisa não acrescenta nada? É um debate a ser feito.

domingo, 12 de junho de 2005

Pequeno Dicionário do Dia dos Namorados

Pode contar, eu não vou ficar chateada = Eu vou ficar chateada

Quero discutir a relação = Quero discutir com você

Quero rediscutir o paradigma do relacionamento = Estou caindo fora

Preciso de um tempo para ficar sozinho = Eu quero sair com outras pessoas

Acho que devemos sair com outras pessoas = Eu já estou saindo com outras pessoas

Não é você, sou eu = É você

Seja sincero = Não seja sincero

Que isso, claro que não precisava comprar nada = Precisava sim

terça-feira, 7 de junho de 2005

Pequeno Dicionário Delance de Política

Pequeno Dicionário Delance de Política, Ed. Supimpa, 2004, 1ª Ed.


Ideologia = Idolatria

Coletivismo = Totalitarismo

Socialismo = Totalitarismo Light

Comunismo = Totalitarismo Anti-Fascista

Fascismo = Totalitarismo Anti-Comunista

Anarquia = Totalitarismo Confuso

Anarco-Capitalismo = Totalitarismo mais confuso ainda

Marxismo Cultural = Totalitarismo Cultural

Esquerdismo = Totalitarismo Politicamente Correto

Extremo-Direitismo = Totalitarismo Politicamente Incorreto

Extremo-Individualismo = Totalitarismo Individualista

Engenharia Social = Totalitarismo Naturalista de Esquerda

Darwinismo Social = Totalitarismo Naturalista de Direita

Estado de Bem Estar Social = Totalitarismo Social

Planejamento Estatal = Totalitarismo Tecnocrata


domingo, 5 de junho de 2005

A angústia da genialidade

Ser gênio não é fácil. Gênios sofrem. A genialidade é fruto de sofrimento. Praticamente um fardo. Sim, um fardo.


Primeiro porque metade do tempo o gênio tem que convencer as pessoas de que ele está certo, porque é um gênio. Não basta ser gênio, tem que parecer gênio. E é difícil parecer gênio quando o universo letrado tem como fonte principal de sabedoria animações de PowerPoint enviadas por e-mail.


Outra fonte de aflição é a responsabilidade. Quanto mais for dado, mais será pedido. Então um gênio se sente mal ao fazer coisas prosaicas como, oh, assistir Friends se poderia, neste momento, escrever um tratado filosófico sobre a teleologia da física quântica.


Pode dizer a si mesmo, o gênio, que aquele tempinho jogado fora é para recarregar as baterias, o ócio criativo. Mas e quanto ao trabalho normal? Gênios costumam ter uma performance subpar em trabalhos normais. É um esforço gigantesco a uma mente genial empreitar o laboro que, aos demais, é meramente usual. É como voar lento com um avião a jato, como andar com uma Ferrari em Paquetá.


Tudo isso vale somente paras os gênios do bem, claro. E, mesmo assim, vale a pena ser genial, valendo-se da própria genialidade para suportar a si mesma.