domingo, 5 de junho de 2005

A angústia da genialidade

Ser gênio não é fácil. Gênios sofrem. A genialidade é fruto de sofrimento. Praticamente um fardo. Sim, um fardo.


Primeiro porque metade do tempo o gênio tem que convencer as pessoas de que ele está certo, porque é um gênio. Não basta ser gênio, tem que parecer gênio. E é difícil parecer gênio quando o universo letrado tem como fonte principal de sabedoria animações de PowerPoint enviadas por e-mail.


Outra fonte de aflição é a responsabilidade. Quanto mais for dado, mais será pedido. Então um gênio se sente mal ao fazer coisas prosaicas como, oh, assistir Friends se poderia, neste momento, escrever um tratado filosófico sobre a teleologia da física quântica.


Pode dizer a si mesmo, o gênio, que aquele tempinho jogado fora é para recarregar as baterias, o ócio criativo. Mas e quanto ao trabalho normal? Gênios costumam ter uma performance subpar em trabalhos normais. É um esforço gigantesco a uma mente genial empreitar o laboro que, aos demais, é meramente usual. É como voar lento com um avião a jato, como andar com uma Ferrari em Paquetá.


Tudo isso vale somente paras os gênios do bem, claro. E, mesmo assim, vale a pena ser genial, valendo-se da própria genialidade para suportar a si mesma.

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