terça-feira, 31 de maio de 2005

Coisas incríveis de São Paulo

Num período de 24 horas, wunderpizza, Ovo Faberge e uma Parada Gay. Até o Jack Bauer ficaria impressionado.

segunda-feira, 23 de maio de 2005

Ceticismo e Pensamento Crítico

Existe uma distorção acerca da natureza do ceticismo, que é a da dúvida, não da afirmação negativa. Descrença, não de crença em algo. Parece claro, mas fica confuso. Céticos não podem negar algo sem ter provas. Por exemplo, você pode duvidar a hippie do 303 raspe as pernas sempre escondidas por saias compridas. Mas, salvo levantar as saias para fazer uma, digamos, verificação direta, isso é mera suposição da sua parte. O mesmo vale para quem quiser provar que a moça raspe as pernas. Que prove.


Quando diante de questões metafísicas, a única posição cética é o agnosticismo. Em outras palavras, não sabe, não conhece. Nem acredita nem deixa de acreditar. Ou qualquer coisa, praticamente. Ceticismo não é propriamente posicionamento absoluto, mas uma posição que a maioria tem em maior ou menor grau em relação a diversos assuntos. Portanto pessoas com diversas crenças e idéias podem ser céticas de inúmeras maneiras.


Claro que todo mundo quer puxar a sardinha para o próprio lado. Então, um grupo resolve se outorgar o monopólio do pensamento crítico. Só quem subscreve sem questionamento as regras faz parte da turma. A aderência sem questionamentos a um rígido sistema de crenças é pré-requisito para se qualificar como pensador crítico.


Pode-se notar facilmente esse tipo de comportamento, que em geral produz espasmos como esse, enquanto escorre baba pelo canto da boca: “É publico e notório que desde sempre todos sabem com absoluta certeza que todos os religiosos sempre são intolerantes que apelam para autoridade do que outros escreveram, e este fato foi escrito em vários livros.”


Então você chega, educadamente, aponta alguns erros de lógica. Logo vem a resposta: “Isso é ignorância de quem não tem pensamento crítico, pessoas como você sempre inventam histórias e fazem afirmações sem provas, vocês são todos iguais e sempre generalizam!”.


Então, fica assim. Essas palavras se tornam elogios, sinais de virtude, mas só podem ser aplicadas quem pensa de uma maneira pré-determinada. Em maior ou menor grau, assim também age muita gente que diz ter mente aberta. Quem pensa de modo diferente, tem mente fechada.


Nem todo mundo que incorre neste erro, obviamente, o faz de maneira grosseira. Mas freqüentemente jogam coisa que é filosófica, dogmática e não-científica como se ciência o fosse.

sexta-feira, 20 de maio de 2005

Star Wars Episode III: Revenge of the Sith

A verdadeira guerra não é travada com naves, tanques ou armas, mas com fé. As Clone Wars tiveram o propósito de destruir os Jedi e tomar o poder. E, especialmente, de converter Anakin. Note-se que enormes batalhas foram planejadas como um meio para a conversão de um Jedi em particular para o lado negro da força.


Como, francamente, não era óbvio ao Anakin no O Retorno de Jedi que estava acontecendo a mesma que ocorre em A Vingança dos Sith? Era o mesmo cenário, com a conveniente adição de um bottomless pit of doom.


Mesmo sendo maligno e fazer uso de falsidade e manipulação, Palpatine fala abertamente do lado negro. Como tantos hoje em dia, reclama de uma visão supostamente “estreita” e “dogmática” da verdade, apelando para uma postura relativista de “olhar para todos os lados”. Já os Jedi não sabem efetivamente defender suas idéias, mesmo sejam melhores, de maneira coerente. Por exemplo, Anakin afirma que se Obi-Wan não está do seu lado, é seu inimigo. Obi-Wan afirma que apenas um Sith pensa em termos absolutos. Como é que é? E os Jedi não rejeitam os Sith como mal absoluto? Não foram os Sith que acabaram de demonstrar o relativismo contrário ao absolutismo dos Jedi? O próprio Anakin, quando Obi-Wan o confronta afirmando que Palpatine é mau, afirma que, do ponto de vista dele, os Jedi são maus. Ora, Anakin foi relativista, e Obi-Wan foi absolutista, o que faz sentido. Star Wars, com sua linguagem de mitos e arquétipos, não se dá a nuances acinzentadas, tendo um forte contraste entre bem e mal.


Anakin foi levado ao caminho do mal com boas intenções. Foi querer salvar a Padmé que corrompeu o Anakin. Mas foi uma profecia auto-realizável. Anakin sonhou com a morte de sua esposa, mas, ao tentar impedir esse destino, acabou fazendo com que acontecesse. Não foi o desejo em si, mas a maneira pela qual ele lidou com isso que o corrompeu. A solução dos Jedi era tão desumana que só restou a solução dos Sith. Talvez Anakin fosse apenas tolo, ou não conseguiu imaginar um caminho melhor. A desumanidade Jedi que levou ele ao lado negro, tanto quanto a maldade dos Sith. Eu já me convenci disso desde o Episódio II, quando não deixam ele ver a mãe dele. Os Jedi mandam o Anakin abandonar a mãe. Ele promete voltar para libertá-la da Escravidão. Libertar escravos é algo digno, mas isso lhe foi proibido. Jedis devem amar todo mundo, menos quem eles realmente amam. Na prática, é um amor genérico, mas não direcionado a pessoas específicas.


Quando Anakin busca Obi-Wan e fala que teme pela vida da mãe, recebe a resposta que não deve se importar com isso, e que se tiver pesadelos, isso passa com o tempo. Quando Anakin busca Yoda e fala que teme por Padmé, recebe a mesma resposta. Ainda diz que não deve se treinar para não se importar com aqueles que gosta. Isto é horrível, trágico e desumano. A única outra postura disponível ao Anakin, infelizmente, vem do lado negro. Ele o toma relutantemente, empurrado pela burrice e desumanidade dos Jedi. Eles não diferenciam o sofrimento pela natureza. Para eles, todo sofrimento é ruim, e deve ser evitado pela indiferença. Mas uma coisa é o sofrimento que advém do mal que você faz, e outra de você amar pessoas. E é essa falha que os destrói. As sombras nunca prevaleceriam sobre as luzes, se estas não estivessem já fracas.


Em O Império Contra Ataca e O Retorno de Jedi, Luke demonstra as mesmas preocupações quanto a seus amigos, e da irmã que ainda não sabe ter, e de seu pai, o ex-Jedi que agora é Darth Vader. Mas recebe a mesma resposta de Obi-Wan e Yoda. Que se exploda. Deixe os amigos morrer. Mandam Luke matar o próprio pai! Luke não se rende nem ao lado negro nem faz o que os Jedi mandam. Não age nem com indiferença, nem sem escrúpulos. Age com coragem. Vai lá e põe a vida em risco para salvar aqueles que ele gosta, mesmo que sejam seus inimigos. Mas não da maneira grotesca com que agiu Anakin. Luke não aceita abandonar os amigos à destruição, tampouco aceita dar cabo do próprio Pai, que acredita poder salvar. Obi-Wan nem ao menos tenta converter ou salvar Anakin em A Vingança dos Sith. Talvez fosse falhar, mas ele nem tenta. Mostra-se relutante em matá-lo, mas não lhe dá alternativa. Já Luke salva a galáxia ao fazer exatamente o oposto do que mandam os Jedi.


Havia portanto que os Jedi estavam errados, e Luke demonstra isso ao agir de modo humano, nem com a indiferença dos Jedi nem com a maldade dos Sith. Essa atitude acaba por tocar seu pai, que se redime num ato final de sacrifício, no qual cumpre a profecia de destruir os Sith. A si mesmo, ao abandonar o lado negro, e a Palpatine, ao destruí-lo. A armadilha para a conversão de Luke acaba servindo para a conversão de Vader e destruição do Imperador. Conforme foi dito por Yoda, Palpatine tinha uma fé mal-colocada tanto nos lado negro quanto em seu aprendiz. A indiferença Jedi empurrou Anakin para ao ódio Sith, mas foi à recusa de Luke em se entregar a estas duas coisas que trouxe a vitória ao bem.


Este foi o mais sóbrio, e provavelmente o melhor filme da trilogia prequel. A atuação está melhor, e os efeitos visuais atrapalham menos a história. Algumas coisas dignas de nota:


O filme tem a mais fantástica cena de batalha espacial de todos os tempos. Entretanto, não tem a mesma carga emocional das batalhas da trilogia original. Não existe um senso estratégico de consciência do que está ocorrendo, com objetivos definidos das tarefas a cumprir. Embora os Jedi tenham que entrar na nave de comando separatista, não existe um senso maior de conexão com toda a ação da batalha fora do aspecto visual. É um pano de fundo, mas não ressona importância nem tensão.


O incrível é que o Palpatine era um con artist que surrupiou o plano do chefe dele, como ele menciona ao Anakin. Ele é um aproveitador barato. Foi o outro Sith que criou o Anakin, ao que parece, teria o poder de Amídala.


O filme não tem medidas para diminuir o impacto. Obi-Wan efetivamente massacra o Anakin no duelo. Não rolou o lance do tipo Anakin pendurado e o Obi_Wan "Me dê sua mão". E o Anakin mata os younglins, o que é extremamente maligno.


Ao menos explicaram o que o Obi-Wan falou no Episódio IV. Afinal, se fosse geral a regra de "If you strike me down I shall become more powerful then you can possibly imagine" existiriam centenas de Jedis mais poderosos do que o Vader pode imaginar.

quinta-feira, 19 de maio de 2005

Resolvi escrever um post

Sim, resolvi, mas não estou com muita imaginação, então, resolvi escrever sobre o árduo processo de inspiração para o ato em si de escrever um post. Não de maneira pedante – claro! A arrogância limita a expressão da consciência. Mas, se o leitor puder acompanhar, espero poder transitar entre os icebergs do lugar comum e encontrar o fulcro pelo qual o bom post se baseia. Será mera inspiração, técnica ou treino? Haverá o que separe o bom escritor ponto do escritor de blogs?


A pergunta talvez seja mais de resolução mais simples que as aparências. Basta achar que seja, ao mesmo tempo, escritor ponto e escritor de blogs. Há escritor ponto ruim que, ao mesmo tempo, é bom escritor de blogs? É difícil. Procurem alguem que escreve um livro bem mais tem um blog chato. Porém o contrário pode existir. Bons blogueiros nem sempre dão bons escritores (nem para, haha). Assim, o jocoso embate entre escritores ponto e escritores de blog pode ser resolvido assim como o debate entre razão e fé, ou Tom e Jerry: na realização de que, unidos, são mais fortes do que separados.


sexta-feira, 13 de maio de 2005

Distorções Progressistas

Temos oportunidade de encontrá-las quase sempre em que se fala sobre cristianismo, nos dias de hoje. A obsessão progressista de enquadrar a religião cristã em métodos de pensamento ontologicamente inferiores é erro grave. Pegar uma limitada cosmovisão de um Hegel, Marx ou Nietzche como ponto de partida para compreender o cristianismo é querer retirar aquilo que ele tem de espiritual. A verdade é que um ateu não pode explicar a religião, mas um cristão tem como compreender o ateísmo. Recorrer à visão que ateus tem do cristianismo em argumentos dentro do próprio cristianismo nem sequer pode ser levado seriamente, mesmo sendo vício comum no mundo moderno e secular, particularmente no Brasil, onde religião tende a ser mais formal do que propriamente um ato espiritual.


Imperiosamente deve ser percebido que “modernismo” e “progressismo”, no caso, não é uma tola alusão de que o que novo é ruim. Atribuir qualidades à algo apenas por ser novo ou velho é uma tolice, e exatamente essa é a tolice impugnada. Erra tanto quem se apega á uma tradição apenas por ser velha quanto quem acha que tudo que é moderno é bom porque é novo.


Ao mesmo tempo, termos como “conservadores” e “tradicionalistas” são impróprios à ortodoxia cristã que segue á Tradição. Não é seguido apenas porque é antigo, pois havia doutrinas mais antigas, e piores. Muito do que se considera “moderno” nada mais é do que a reciclagem de conceitos pré-cristãos. A questão não é tempo, mas origem. O Cristianismo segue à Revelação Divina. Um agnóstico bem informado é plenamente capaz de compreender isso. Claro que não de uma compreensão completa, mas, quem dentre os cristãos pode dizer o mesmo?


Não se trata, portanto, de meramente atribuir a indivíduos certas modelos de pensamento. Rótulos podem o caos ininteligível, mas também podem obstar a compreensão do simples. Ninguém, nem Cristão nem ateu, pode entender nada de cristianismo se tem a visão turvada pelo prisma do materialismo. Para tanto é necessário manter a mente e o coração abertos. Mesmo sem acreditar, é possível ao não-cristão compreender conceitos básicos. A distorção cognitiva também reside na visão de mundo e não somente na pessoa. A universalidade do cristianismo ensina que todos, se o desejarem, podem acreditar. E a lógica dita que esse potencial maior sugere outro menor, que é o da compreensão.

domingo, 8 de maio de 2005

Burguês é quem vive em burgos

Burguesia é uma expressão medieval que era grossamente fantasiosa, aberrantemente anacrônica, bizarramente sem sentido e de uma estupidez abismal no sec. XIX. Falar disso hoje em dia é declaração de lixo intelectual absoluto.



Afinal, pense bem. Você ter uma relação seminormal com algum familiar, qualquer familiar, é uma coisa horrível do capitalismo. Isso é de uma imbecilidade absurda. É como se a família fosse uma invenção de banqueiros ingleses da era vitoriana.



Link roubado da vice-campeã de Literati do Yahoo.

sexta-feira, 6 de maio de 2005

Também criticaram a Igreja

Henrique VIII, Lutero, Voltaire, Hume, Hegel, Robespierre, Napoleão, Marx, Darwin, Freud, Nietszche, Russel, Stalin, Hitler, Guevara, Fidel, Jabor.


Revoluções Iluminista, Francesa, Liberal, Industrial, Social, Sexual.


Stalin pergutou quantas divisões tem o Papa e o muro caiu. De ultimatos de Gengis Khan a editoriais do Arnaldo Jabor, criticar o Papa é vício antigo.

domingo, 1 de maio de 2005

Antes do Por do Sol

Meio chatinho o filme. Tem alguns momentos. Mas é chato. Os personagens são meio chatinhos também.


Um momento que vale a pena. A personagem da Julie Delpy é uma ativista de ONG muito preocupada com o suprimento de lápis das escolas mexicanas e com a poluição da industria de algodão na Índia, mas incapaz de sentir algo por alguém próximo a ela. Quem não conhece o arquétipo? Tem uma enorme preocupação com “o social”, mas trata mal o porteiro. Se preocupa muito com “a classe trabalhadora”, mas é grosso com os indivíduos que trabalham.


Já o personagem do Ethan Hawke tem lá suas coisas mas parece menos bobalhão. Surpreendente, até.


Eles falam o tempo todo, quase sem parar. O filme é curto, mas parece maior porque eles não param de falar quase nunca. Exceto em poucos momentos que, possivelmente, são os melhores do filme. O complicado é saber se são realmente bons, ou se é apenas alivio porque finalmente calaram a boca.


Curiosamente, a cena que melhor descreve o estilo do filme é a dos personagens subindo escadas em silêncio. Não havia nada a dizer, mas a cena comunica muita coisa sobre pessoas tentando recuperar a intimidade. E, de resto, demonstra como o estilo do filme é avesso a transições. Se demora para subir as escadas, que demore, não há porque cortar a cena. Ou então era encheção de lingüiça. Vai saber, é um filme de arte.