sexta-feira, 13 de maio de 2005

Distorções Progressistas

Temos oportunidade de encontrá-las quase sempre em que se fala sobre cristianismo, nos dias de hoje. A obsessão progressista de enquadrar a religião cristã em métodos de pensamento ontologicamente inferiores é erro grave. Pegar uma limitada cosmovisão de um Hegel, Marx ou Nietzche como ponto de partida para compreender o cristianismo é querer retirar aquilo que ele tem de espiritual. A verdade é que um ateu não pode explicar a religião, mas um cristão tem como compreender o ateísmo. Recorrer à visão que ateus tem do cristianismo em argumentos dentro do próprio cristianismo nem sequer pode ser levado seriamente, mesmo sendo vício comum no mundo moderno e secular, particularmente no Brasil, onde religião tende a ser mais formal do que propriamente um ato espiritual.


Imperiosamente deve ser percebido que “modernismo” e “progressismo”, no caso, não é uma tola alusão de que o que novo é ruim. Atribuir qualidades à algo apenas por ser novo ou velho é uma tolice, e exatamente essa é a tolice impugnada. Erra tanto quem se apega á uma tradição apenas por ser velha quanto quem acha que tudo que é moderno é bom porque é novo.


Ao mesmo tempo, termos como “conservadores” e “tradicionalistas” são impróprios à ortodoxia cristã que segue á Tradição. Não é seguido apenas porque é antigo, pois havia doutrinas mais antigas, e piores. Muito do que se considera “moderno” nada mais é do que a reciclagem de conceitos pré-cristãos. A questão não é tempo, mas origem. O Cristianismo segue à Revelação Divina. Um agnóstico bem informado é plenamente capaz de compreender isso. Claro que não de uma compreensão completa, mas, quem dentre os cristãos pode dizer o mesmo?


Não se trata, portanto, de meramente atribuir a indivíduos certas modelos de pensamento. Rótulos podem o caos ininteligível, mas também podem obstar a compreensão do simples. Ninguém, nem Cristão nem ateu, pode entender nada de cristianismo se tem a visão turvada pelo prisma do materialismo. Para tanto é necessário manter a mente e o coração abertos. Mesmo sem acreditar, é possível ao não-cristão compreender conceitos básicos. A distorção cognitiva também reside na visão de mundo e não somente na pessoa. A universalidade do cristianismo ensina que todos, se o desejarem, podem acreditar. E a lógica dita que esse potencial maior sugere outro menor, que é o da compreensão.

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