domingo, 1 de maio de 2005

Antes do Por do Sol

Meio chatinho o filme. Tem alguns momentos. Mas é chato. Os personagens são meio chatinhos também.


Um momento que vale a pena. A personagem da Julie Delpy é uma ativista de ONG muito preocupada com o suprimento de lápis das escolas mexicanas e com a poluição da industria de algodão na Índia, mas incapaz de sentir algo por alguém próximo a ela. Quem não conhece o arquétipo? Tem uma enorme preocupação com “o social”, mas trata mal o porteiro. Se preocupa muito com “a classe trabalhadora”, mas é grosso com os indivíduos que trabalham.


Já o personagem do Ethan Hawke tem lá suas coisas mas parece menos bobalhão. Surpreendente, até.


Eles falam o tempo todo, quase sem parar. O filme é curto, mas parece maior porque eles não param de falar quase nunca. Exceto em poucos momentos que, possivelmente, são os melhores do filme. O complicado é saber se são realmente bons, ou se é apenas alivio porque finalmente calaram a boca.


Curiosamente, a cena que melhor descreve o estilo do filme é a dos personagens subindo escadas em silêncio. Não havia nada a dizer, mas a cena comunica muita coisa sobre pessoas tentando recuperar a intimidade. E, de resto, demonstra como o estilo do filme é avesso a transições. Se demora para subir as escadas, que demore, não há porque cortar a cena. Ou então era encheção de lingüiça. Vai saber, é um filme de arte.

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