terça-feira, 16 de novembro de 2004

O ateísmo é sujinho

E meio deselegante também.


Sou cético demais para ser ateu. Tem que acreditar em doidera demais, que tudo veio do nada, que nada faz sentido, que macacos batendo máquinas vão compor Shakespeare, e coisas do gênero.


Claro que tem ateístas elegantes. Um Carl Sagan ou um Diogo Mainardi são ateus, mas são limpinhos. Muita gente acha que Darwin e Einstein eram ateus, mas isso não é realmente verdade.


Darwin se dizia agnóstico, e não acreditava que um Deus Onipotente e Bom poderia criar um mundo onde houvesse sofrimento. Essa opinião não tem nada a ver com ciência, e tudo a ver com teologia. Ninguem precisa escrever a teoria da evolução para achar isso. Já Einstein não conseguia levar a sério o conceito de um Deus pessoal, nem de física quântica. Mas socialismo soviético e economia planejada, isso ele levava a sério. Bom, ao menos ele achava o ateísmo uma tremenda bobagem.


Na verdade, ateísmo mesmo nem sequer existe direito. Muitos budistas são mais ateus, por não acreditar em Deus, do que a maioria dos ateus auto-declarados. O ateísmo dogmático é, obviamente, auto-refutável e não faz sentido. Por esse motivo, em geral os ateus acabam caindo num panteísmo materialista em diversas variantes.


O interessante é o modo de pensar desse pessoal. Alguns cientistas acham que existem partes do corpo humano que são responsáveis pelas experiências religiosas. Os ateus acham que isso prova que religião não existe. Ah, sim, a descoberta do aparelho auditivo prova que o som não existe, ou assim devem achar os surdos ateus.


O mais curioso é explicar isso pela teoria da evolução. A maioria das pessoas acredita em Deus, ou seja, historicamente, os ateus não conseguiam passar seus genes para frente, eram inaptos evolutivamente. A seleção natural, que tão equivocadamente gostam de usar para sustentar suas teorias, é a espada que mostra o quanto são distantes da verdade.


Os materialistas achavam que o mundo sempre foi do jeito que é. Os religiosos achavam que ele teve uma origem, e chegou até o atual estágio por um processo.


Os materialistas achavam que os seres humanos de cores diferentes eram de raças diferentes, e daí vieram as teorias racistas que permeavam o cientificismo do Séc. XIX. Já os religiosos achavam que todos os homens tinham uma origem comum.


Basta dizer que a ciência tem suportado mais essa última visão de mundo. Tanto em relação a teoria do Big Bang e, pasmem, evolução biológica, quanto pelas análises de DNA Mitocondrial humano. Ao que parece, todos os seres humanos tem uma origem comum em um grupo restrito de indivíduos, ou talvez mesmo em uma ancestral comum.


Como era de se esperar, os materialistas vão ter a devida cara de pau de esquecer o que defendiam já que, afinal de contas, esse negócio de certo e errado é coisa de crédulo. A existência de Deus não necessita de prova ou razão. Essa é beleza e da fé. E, de um modo geral, ao contrário da propaganda, fé e ciência sempre foram compatíveis, pois buscam a verdade, que existe e é una.


Não precisa ser religioso para achar isso, mesmo um agnóstico pode achar que a verdade existe, mas é inalcançavel. Os religiosos discordarão sobre sua natureza. Mas está lá.


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