segunda-feira, 24 de julho de 2006

O terror niilista de Lovecraft

Quando escreveu “At the Mountains of Madness”, Lovecraft estava desmistificando suas criações. Os deuses malignos nada mais eram que aliens. Por mais medo que você vai ter do Alf, ou dos Aliens que devoram o estomago do Sigourney Weaver, não são tão impositivos quanto o terror sobrenatural. Dizem até que o livro "Eram os deuses astronautas" foi inspirado no original conceito de Lovecraft de astronautas antigos.


O terror que Lovecraft buscava era outro. O terror do niilismo. Porque o mundo de Lovecraft não tem bom nem mau, certo e errado. Tem caos, desgraça e destruição. Não existe bem ou qualquer possibilidade de redenção. Até o mal é materialista e cai naquele terror que Nietzche alertava contra. Pior que os deuses pagãos malignos querendo pegar você são uns alienígenas antigos poderosos que se lixam para sua existência. Toda a humanidade é uma porcaria inútil. E nem é uma crítica propriamente dita, isso. É mais sincero, honesto e interessante o que o Lovecraft faz com esse materialismo do que Sartre ou Marx.


E o niilismo, em ultima análise, limita o quão a obra do Lovecraft pode ser interessante. Tudo bem, dá medo mesmo realmente o caos absoluto do terror sombrio, mas é repetitivo. Pode ser brilhante, mas é um X-Files brilhante. Os personagens ou se dão mal ou não resolvem nada. E nem tem como resolver, porque tudo é ruim. Então, what's the point?


É interessante notar que a obra de Lovecraft era pouco conhecida em sua época, tendo sido mais admirada depois, graças aos esforços de August Derleth, que cunhou o termo "Mythos" e o ampliou com novas histórias. Foi um grande divulgador, mas não é muito querido dos fás hardcore. Isso porquê Derleth é caótico, e tenta criar uma dicotomia bem e mal no universo caótico e ateu do Lovecraft.


Sob muitos aspectos o que Lovecraft representa é uma certa cosmovisão bastante peculiar. O mundo é fruto caos, nós não temos importância, o bem não existe. Já ouviram antes? A diferença é que ele faz isto com estilo, e dá a esta idéia o sentido que ela verdadeiramente tem, de uma história de terror.

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