terça-feira, 22 de março de 2005

O Secularismo Taliban

Como todos sabem, no Afeganistão, o Taliban era lei. A religião era lei. A fonte da lei e do próprio direito, o centro da vida social. Não havia separação entre Estado e Religião.


O humanismo secular busca o mesmo objetivo. Apesar da bandeira alegada de que deseja apenas a suposta separação e um Estado laico, os propósitos são claros e mal disfarçados. Consiste o golpe num castelo de cartas fácil de ser demonstrado.


Antes de mais nada, o humanismo secular é uma religião, ponto. E quer impor seus conceitos para o resto da sociedade sob a guisa de “neutralidade”. Ora, porque um principio do humanismo secular é mais aplicável do que um Católico, Budista, ou Islâmico?


E isso só vale, claro, quando dá na telha. É algo altamente volúvel. Não Matar e Não Roubar, como se sabe, são princípios religiosos, foram comandos entregues á humanidade por meio dos Dez Mandamentos. Bem religioso isso. Curiosamente, não se argumenta pela abolição completa de leis contrarias ao homicídio e ao furto com base em que são princípios religiosos.


Portanto, não basta ser um principio religioso, mas tem que entrar em conflito com o humanismo secular. Se isso acontecer, a mera similaridade de uma normal com um principio religioso é suficiente para banir seus defensores.


Por desconhecimento ou malicia, ignora-se que o Direito é igual para todos, e não apenas para alguns, quando é conveniente. Ignora-se que a própria separação entre Estado e Religião é também um principio religioso, do próprio cristianismo.


Portanto, o argumento fundamentalista da separação é, em si, um paradoxo, pois ela deveria excluir a si mesma. O que o principio realmente diz é que não se pode impor um principio religioso ao resto da sociedade, e isso inclui o secularismo humanista. Isso inclui a eugenia, em suas diversas formas obvias ou disfarçadas, como a eutanásia e o aborto. Trata-se aqui da proteção da própria vida, valor cujo desdém dispensado pelos secularistas não pode ser imposto, por força ou dissimulação, a nenhuma sociedade.

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