sábado, 1 de maio de 2004

Para ser verdadeiramente "contra tudo o que está aí",

Com diligente aplanamento, pode ser definido que conservadores desejam preservar
certos aspectos do status quo, enquanto liberais querem alterá-lo.
Os defensores das liberdades individuais, dentre as quais inclui-se a liberdade
econômica, bem como das limitações ao poder do Estado, são
tradicionalmente conhecidos como conservadores nos EUA e liberais na Europa.
Já os defensores de que o Estado deve regular toda a sociedade, o mercado,
a atividade econômica e a renda são conhecidos como Liberais nos
EUA e Socialistas na Europa. Claro que essa é uma definição
simplista, e existem diversos grupos que escapam a essas definições.
O próprio Hayek desgostava delas todas, considerando-as por demais genéricas
e pouco ilustrativas.


Entretanto, vamos analisar a atual situação dos EUA. Pelo lado
econômico, encontramos altas taxas tributárias, interferência
reguladora do Estado na economia, enormes gastos sociais com welfare,
protecionismo. Culturalmente, existem numerosos lobbies, sindicatos e
ONGs abundantemente fortes e atuantes, oposição consistente contra
globalização e liberdade econômica, esmagador domínio
de ideologias socialistas e anti-capitalistas nas universidades, e forte presença
dos mesmos idéias nos meios de comunicação em massa. O
fato é que o establishment cultural americano atualmente é
esquerda, e o verdadeiro anti-establishment é de direita. Trocando
em miúdo, ser conservador é ser de esquerda.


E o fato disso ocorrer nos EUA só mostra a que nível o domínio
cultural de esquerda chegou no mundo. Claro que é uma versão diluída
do que ocorre no Brasil, onde existe um quase pensamento único nas esferas
políticas, midiáticas e acadêmicas, comportando tão
somente debates entre as próprias nuances de esquerda para ver quem é
mais socialista.


Para ser verdadeiramente "contra tudo o que está aí",
você tem que ser liberal. Porque tudo que está ai é a esquerda,
queira ou não. A derrota total do marxismo econômico apenas deu
força ao marxismo cultural, que, livre da vergonha da derrota do socialismo
real, pode sobreviver livremente em idéias superficialmente bonitas e
retórica vazia. Com uma embalagem atraente, até lixo vende. Os
mestres da propaganda não são os capitalistas, mas os socialistas,
que sabem muito bem que o segredo para a hegemonia está na manipulação
das massas e não na verdade das idéias.


O que se verifica é que não basta estar certo, tem que parecer
estar certo. No universo cultural, os livros são vendidos pela capa,
e a aceitação depende dos aspectos superficiais. Para vender uma
idéia qualquer, verdadeira ou falsa, é necessário revesti-la
com uma aparência de idéia verdadeira.