sexta-feira, 8 de julho de 2005

Defenda a verdade, odeie a mentira

A Europa esta sitiada, e aparenta perder capacidade de reagir. Vejamos se dessa vez é diferente. A guerra do Iraque não se encaixou nos padrões de guerra justa, mas isso de nenhuma maneira justifica os atentados. Isso é puro relativismo. Não adianta vir condenar os terroristas e, ao mesmo tempo, concordar com eles e fazer propaganda de sua causa.



Tal atitude é, infelizmente, endêmica nos brasileiros e no mundo moderno, no sentido pejorativo do termo, que têm dificuldade de ver culpa em quem comete crimes. Nem bandidos nem terroristas tem culpa, pois esta ésempre jogada a priori em objetos de ódio cultural por meio de explicações vagas e genéricas. Algo não distante das sessões de ódio de 1984.



A revista MAD antigamente tinha uma seção chamada Argumento Mágico Instantâneo. Pois bem, façamos um para essa modalidade de debate:



1. Pegue um problema.

2. Pegue algo que você não goste.

3. Diga que o problema é culpa do que você não gosta.



Se o interlocutor compartilhar dos teus gostos, vai concordar com você, sem necessidade de demonstração.



Exemplo: A Igreja Católica é culpada pela disseminação de AIDS na África; os empresários são culpados pelo alto custo de vida; os EUA são culpados pelo desemprego no Brasil; a Coca-Cola é culpada pela falta de dentistas no interior; o McDonnalds é culpado pela obesidade no mundo; os setores conservadores são culpados pelos escândalos de corrupção do governo Lula. Tente você também.



Também é válido referir-se a entidades vagas ou não existentes que, desde que sejam devidamente identificadas na categoria de grupos odiados, serão aceitas como reais, como forças ocultas, banqueiros de Wall Street, poderosos, oligarquias, elite, etc. Afinal, quem pode ousar defender os poderosos, seja lá quem forem!



Quanto ao título deste post, é esquecido por completo. E com ele a capacidade humana de usar a consciência e o discernimento. O esquema de pensamento pós-moderno (olha aqui de novo) erelativista consiste na recusa em seguir o conceito medieval e ultrapassado de que verdade e mentira sequer existem como categorias aceitáveis. Não, não. Agora é gostar e não gostar, ser ou não últil, politicamente correto, pelo social, pela cidadania. Verdade e mentira, nem pensar. Certo e errado, então, são inaceitáveis.



Não é questão de não mentir nunca e dizer a verdade sempre, um padrão difícil de alcançar, mas de, na hora de elaborar um pensamento, dar peso à verdade (com v minúsculo mesmo), e refletir se o que você diz, apesar de conveniente, não é falso. Sequer trata-se de ter a verdade como valor único, mas de aceita-la com um valor válido.

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