quinta-feira, 14 de julho de 2005

Imagine só, Sr. Mirandinha

Não diga, Sr. Astolfo.



Oh, mas o digo, Sr. Mirandinha. Pois há coisas que precisam ser ditas. E dize-las constitui a antítese de não dize-las.



Então diga, Sr. Astolfo.



Digo, oh, se digo, Sr. Mirandinha. Pois imagino o Sr., obviamente uma pessoa culta, inteligente, um homem deste mundo, tolerante e aberto a diversidade, cosmopolita, que coisa.



O Sr. me envaidece, Sr. Astolfo. Mas, chegando à questão.



Uma loucura, uma loucura, eu te digo. Imagine que hoje, em pleno Séc. XXI, onde o homem já foi até a lua, imagine só.



Sim, Sr.



Como pode ela vir me impor um moralismo intolerante, imperialista, misógino, como pode, Sr. Mirandinha?



Não sei como pode, Sr. Astolfo. É caso de estudo, sem dúvida!



A que ponto chegamos, Sr. Mirandinha! Eis que eu demonstro de maneira cabal e científica, C.Q.D. ali no ato, que o ato outro porquanto ali presenciado era tão somente a culminação invariável de fatores explanáveis naturalisticamente.



Sem dúvida, sem dúvida.



E ela ousa sim, ousa negar este entendimento moderno, progressivo, multilateral, e vir impor sua verdade.



Que audácia.



Sim, audácia! Uma imposição unilateral. Imperialismo moral, é o que é. Como pode ela achar que pode impor seus conceitos medievais de moralidade aos demais outros tais quais como a minha pessoa? Eminha individualidade de ser humano, enquanto gente, ora homem, cidadão? Onde está a cidadania? Onde isso vai parar?



Pois todo homem culto sabe que verdade é coisa que não existe, que tem peitos caídos.



Sim, caídos. Mas, cá entre nós, Sr. Mirandinha, nem os da Julia nem os da Mônica o são, hein? (faz o gesto típico de fonk fonk com as mãos)



Oh se não o são, Sr. Astolfo. (também)



***



Por uma questão de elegância intelectual, escrevi essa resposta antes de ler o post em si, que, agora, pretendo fazer.


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