sábado, 11 de dezembro de 2004

Escolha

A fé é uma questão de escolha. Nós escolhemos no que queremos acreditar; fatos, verdades históricas e racioncínos lógicos vêm em segundo plano. Mesmo que alguém diga “Dane-se”, isso é também uma escolha.


As pessoas escolhem não acreditar ou não se importar. Podem, ainda, interpretar fatos de acordo com a escolha que já fizeram.


Vamos ilustrar a questão com um exemplo do que é uma verdade de fé para praticamente dois terços da humanidade: a história de Moisés.


A narrativa Bíblica é impressionante, e por este motivo céticos afirmam que os fatos ali narrados não podem ter ocorrido naturalmente. Ora, para os que acreditam, se isso fosse verdade, seria apenas mais uma evidência da ação de Deus.


Entretanto, a arqueologia tem dado oportunidades interessantes de se estudar a situação. Fatos bíblicos que antes eram tratados como lenda ganham peso com novas descobertas como uma cidade no delta do Nilo, a presença confirmadas de povos semitas, e até mesmo os estábulos para centenas de bigas egípcias. Acredita-se que muitas das pragas impostas ao Egito podem ser explicadas como fenômenos naturais. Existem muitas teorias sobre o tema, e uma delas afirma que o Êxodo ocorreu ao mesmo tempo de uma gigantesca erupção vulcânica no mediterrâneo, e o tsunami resultante poderia explicar momentos espetacularescomo o afastamento do mar e a enxurrada que afogou o exército egípcio. Talvez por um equivoco na tradução, o nome do mar por onde o povo hebreu escapou tenha sido trocado. Se não for o mar vermelho mas outro corpo d'água, um maremoto gigantesco com uma velocidade destrutiva poderia facilmente dar conta de um exército da antiguidade. Já foram observados estragos gigantescos em versões que tem apenas uma fração da força do que ocorreu.


Vamos supor, para os propósitos dessa discussão, que tudo pode ser explicado, de fato, de maneira natural. Um ateu dogmático verá apenas mais uma prova de que todos os fatos têm explicações científicas. Mesmo sendo a narrativa Bíblica pura verdade, o que ele sempre negou que fosse, ainda assim uma confirmação apenas o deixaria mais firme em sua opção de fé. Um religioso, de outro modo, veria na confirmação histórica dos fatos narrados nas escrituras apenas mais fatos para justificar sua fé. Tudo uma questão de escolha.


Estudos arqueológicos, e a ciência de um modo geral, por mais interessantes que sejam, não parecem ter o escopo de mudar a fé de ninguém. Como novos fatos e descobertas objetivas são interpretados subjetivamente, cada individuo escolhe como fazê-lo. É pura verdade que se pode optar por, em face de novos fatos, mudar seu entendimento. Mas o que causou essa mudança foi sua escolha. Não são os fatos que determinam a crença, mas a íntima convicção de cada um.


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