quarta-feira, 8 de dezembro de 2004

A Luta dos Libertários

A principal divisão dos libertários, no conceito norte-americano da palavra, provavelmente é entre lutar pela diminuição do Estado ou por sua destruição. Os primeiros são acusados de fazerem um compromisso com o sistema, subjulgando-se a ele. Os segundos recusam qualquer medida prática de ação visto que não aceitam o Estado em nenhuma forma.


A questão é que o Estado tem uma tendência de crescer. Os liberais clássicos não foram capazes de impedir o crescimento estatal, nem dentro de uma democracia. Portanto, qualquer tentativa dentro do sistema para diminuição do Estado seria fútil.


Essa percepção parece ser parcialmente correta, uma vez que o próprio Hayek previra que a tendência da sociedade era o intervencionismo estatal. Entretanto, e o próprio economista percebeu isso mais tarde, essa tendência encontrou limites naturais. Nem liberdade, nem intervencionismo, o mundo parece oscilar entre ambos. Essa tendência poderia ser refletida tanto na China, que aumentou um pouco a liberdade na esfera econômica, quanto nos EUA, que progressivamente vem se tornando mais intervencionistas em diversas áreas da sociedade.


O grupo que não quer negociar tem alguma razão ao afirmar que não adianta. Mas perde a razão ao concluir que, então, o negócio é lutar contra o Estado sem nenhum compromisso em diminuí-lo. Essa posição foi difundida no Brasil pelo Marcello Tostes, no site “O Individuo”. Se o argumento é a falta de sucesso dos liberais clássicos, o que, afinal, os anarco-capitalistas tem a apresentar?


Talvez uma postura mais adequada seja a de os libertários devam lutar pela diminuição do Estado, independente do posicionamento porque, em última análise, o que ocorre é que uns querem diminuir mais do que os outros.


Já ocorreram três tentativas de se criar uma nação sem Estado dentro dos princípios libertários. A primeira foi a tentativa de construção de uma ilha flutuante, que foi parar perto do Haiti, e foi frustada pelo ditador local. Outra envolveu uma cidade a ser feita em um atol no pacífico sul, e foi dominada pelo Rei de Tonga com um único navio leve de combate. Finalmente, alguns libertários tentaram se unir a uma revolta separatista em Tuvalu, mas foram frustados por tropas de Papua Nova Guiné e Austrália.


Agora, finalmente, uma nova iniciativa que deve agradar aos dois lados, Free State Project. O objetivo é juntar 20.000 libertários no estado americano de New Hampshire e trabalhar dentro do sistema para diminuir o peso e o tamanho do Estado. O símbolo adotado é o do porco espinho, que é pacífico se deixado quieto, mas que sabe se defender quando atacado.(via FYI)

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