quarta-feira, 15 de dezembro de 2004

Fazemos parte do ocidente? Ora, pois!

Bem popular na Inglaterra, Serendipity é uma palavra que significa achar coisas por acaso.


E foi por acaso que achei a informação inusitada de que muitos países ocidentais não consideram o Brasil um par. Aos olhos de muitos na Europa e nos EUA, não fazemos parte do ocidente.


I kid you not. Muito tempo atrás lembro de uma reportagem na Globo (bota antigo nisso: TV aberta, Pedro Bial) confronta um inglês sobre um assunto qualquer no que este justifica-se afirmando que, no Brasil, o tal problema não tinha tanta relevância quanto nos países ocidentais. Estávamos excluídos desse Country Club espetacular que é o ocidente.


Ora, trata-se de um inglês maluco ou ignorante, deste que acha que a capital do Brasil é Buenos Aires. Nada de importante. Entretanto, temos depois, acabei encontrando outras evidências aleatórias. Aparentemente, aonde há uma classe universitária sobre culturas não-ocidentais, esse enorme saco de gatos, lá esta jogada a América Latina e, por decorrência, o Brasil.


Dei-me o trabalho de passar e-mails para discutir o tema com professores desde o EUA até o Japão (o que um americano fazia lá é outra questão). Alguns responderam e travaram um debate inteligente. Mesmo dando alguma razão aos meus argumentos de que somos de fato ocidentais, no fim, de nada adiantou.


Mas não devemos nos satisfazer com o que acham de nós, até porque a própria visão nacional é dúbia sobre o tema.


Por um lado, os próprios brasileiros costumam achar que fazem parte integrante do ocidente. Quando troquei alguns e-mails com os articulistas do Manhattan Connection (don't hold that against me), não deram crédito a esta teoria. Até comentaram no ar, en passant, mas foi a Lucia Guimarães que respondeu. Talvez hoje em dia o Diogo Mainardi tivesse uma opinião diferente.


Ocorre, entretanto, que essa integração com o ocidentel é parcial. Talvez os brasileiros até desejem, mas em grande parte não acreditam. Por sinal trata-se de algo típico do discurso do latino americano explorado. Conclui-se que tanto lá quanto cá o Brasil não está no ocidente em quesitos meramente econômicos.


E quanto a aspectos religiosos? O Brasil tem uma cultura judaico-cristã. O cristianismo surgiu no oriente. A Igreja Católica Romana é, sem dúvida, a maior religião do Ocidente. Se um país asiático converter-se majoritariamente ao catolicismo, será considerado ocidental? Em Timor Leste fala-se português (olha outro critério) e tem-se uma maioria católica. Essa nação faz parte do ocidente?


Apenas como nota final, não vale a pena falar em etnias. Não porque o Brasil seja uma mistura, mas porque estamos falando de cultura ocidental, e confundir cultura com etnia é típico de bizarrias de séculos passados. Melhor, portanto, ficar com os critérios disponíveis.

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