quarta-feira, 19 de janeiro de 2005

O Argumento do Mal

Possivelmente o mais antigo dos argumentos contra a existência de é conhecido como o “Argumento do mal”. Consiste na afirmação quem um Deus Onipotente e Misericordioso jamais permitiria a existência de mal no mundo.


Esse argumento tem um grande peso na comunidade cientifica, tendo sido utilizado, entre outros, por Charles Darwin. Não é propriamente um argumento ateísta, não sendo, em si, incompatível com o argumento da Primeira Causa. Então é possível conjugar ambos em uma postura deista, que aceite Deus como causa primeira, mas não um Deus onipotente que interfira no mundo.


A “Questão do mal”, como também é conhecida, sofre de diversos problemas de ordem puramente lógica. Para que faça sentido, é necessário que o bem e o mal existam e sejam absolutos, o que é praticamente inconcebível sem aceitar-se a existência de Deus. Nesse nível, é quase plenamente auto-refutável.


Outra resposta defende que qualquer extrapolação nesse sentido é necessariamente incompleta. O homem vê apenas as coisas visíveis, e não as invisíveis. Não há como se fazer uma analise completa sem um conhecimento igualmente completo que não é disponível ao homem. Aqueles que acreditam que nenhum conhecimento que lhes seja inatingível não se satisfazem com essa postura. Como, por definição, o método cientifico se restringe a explorar conhecimentos verificáveis, tem a tendência de negar tudo que não se enquadre nesse parâmetro.


A elucidação determinante vem do Genesis. O pecado original deu origem a todos os outros. Neste caso não é diferente, porem talvez esse argumento mantenha uma relação especial com o seu preceito básico.


O pressuposto fundamental do “Argumento do mal” é que o homem tem a capacidade de conhecer o bem e o mal. Sem o conhecimento definitivo sobre o que é bom ou mal, tal argumento não pode ser proposto.


De acordo com a Bíblia, o pecado original consiste exatamente em tentar obter o conhecimento definitivo entre o bem e o mal. Conclui-se que, para se fazer o “Argumento do Mal”, é necessário morder o fruto proibido. Não há outra maneira.


A questão aqui é a ausência de humildade pura e simples de admitir-se que o homem não tem um conhecimento maior que o de Deus e, portanto, não pode questioná-Lo. A negação está nesse pressuposto em si, e não na pergunta. O argumento é irrelevante, pois já foi respondido, a priori, antes mesmos de ser proposto. Como qualquer questão sobre fé, trata-se de uma escolha. A discussão acerca desse tema será, conseqüentemente, infrutífera.

Nenhum comentário: